Droga apreendida durante operação gaiola em 2014 citada na denúncia oferecida pelo Gaeco

A. Archangelo/ Rede PCJ

Droga apreendida durante operação gaiola em 2014 citada na denúncia oferecida pelo Gaeco
Droga apreendida durante operação gaiola em 2014 citada na denúncia oferecida pelo Gaeco

Em denúncia apresentada à Justiça em Rio Claro/SP, no último dia 26, o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), de Piracicaba, evidencia que o centro operacional e financeiro do Primeiro Comando da Capital, o PCC, estaria concentrado em cidades com o DDD 019.

Após operações conjuntas entre o Ministério Público, Polícia Civil, Polícia Militar, Polícia Federal e Guardas Municipais realizadas em 2014 foram apreendidas em Limeira/SP e Conchal/SP mais de duas mil planilhas contábeis e de controle de mais de 400 integrantes da facção no interior de São Paulo dentro de pastas virtuais em pendrives com nomes de artistas musicais.

Entre as operações e prisões, o Gaeco prendeu Ceará, líder da organização, em Limeira e encontrou “diversos manuscritos indicativos das atividades criminosas e da contabilidade relacionada com a compra e venda de drogas”.

Ceará responde ao crime de lavagem de dinheiro referente ao seu patrimônio e prática de diversos delitos, além de denúncias contra Dany Boy, Tico (conhecido também por Amigo da Laranja), Fiel (ou Vietnã e Coreia), Mijão, Alkaeda (Preto ou Dourado), considerados responsáveis por grandes aquisições de drogas e também por atividades ligadas ao Primeiro Comando da Capital.

Desta vez, entre os denunciados que atuam ou atuavam a partir da Comarca de Rio Claro estão Pescoço (também conhecido por Amendoim ou Romarinho Julinho), Magrinho, Blode (ou Pietro); Cicinho, Ro (ou irmão Roou Corola), Preto (ou Véio), Marcinho, Coban, Fortaleza, Xu (ou Gordão), sendo alguns considerados líderes do PCC em liberdade. A Justiça já abrir prazo para que alguns dos citados ofereçam defesa.

O Gaeco afirma que o PCC foi fundado em 31 de agosto de 1993 “para ser uma organização criminosa, estruturada, hierarquizada, disciplinada, dividida por células, cujos membros seriam integrados após formal batismo, com rígido controle sobre as atividades criminosas de seus membros, agindo como verdadeiro Estado Paralelo, tendo inclusive leis próprias e nomenclatura própria adotada por todos os membros”, conforme documentos apreendidos em pendrives apreendidos com o acusado conhecido por Dany Boy em Limeira em 2014.

Os promotores revelam que, “após os ataques aos órgãos estatais ocorridos em maio de 2006, os organismos policiais e o Ministério Público passaram a atuar de forma integrada, articulada e sistemática para identificar, combater e reprimir a prática de delitos pelos membros da citada facção. Apesar de todo esse esforço e de terem sido evitados, nos últimos anos, de forma preventiva e repressiva, ataques múltiplos e concomitantes, todo ano a organização criminosa mata agentes do Estado. Somente no ano de 2014, citando como exemplo, dois policiais militares da Comarca de Piracicaba foram mortos pela citada organização criminosa. Os responsáveis por essas mortes foram identificados e presos, respondendo a ação penal”, afirmam.

De acordo com o Gaeco, a “principal fonte de renda da facção é com o tráfico de drogas, que a facção consegue arrecadar a maior parte de seus recursos através de pontos de venda de drogas, também chamados de “biqueiras” ou “lojas” pertencentes à própria facção, espalhados por todo Estado de São Paulo, que constituem uma importante fonte de renda. O PCC também arrecada a “Cebola”, uma espécie de caixinha mensal devida pelos integrantes soltos, cujo valor atual é de R$ 650,00. A facção também fatura com a chamada “Rifa”, pela qual, a cada dois meses, são sorteados prêmios como apartamentos, casas e veículos (carros e motos). “A rifa é mais uma fonte de renda para a facção, oferecida entre integrantes, criminosos, simpatizantes (companheiros) e familiares, sendo que cada integrante tem o dever de comprar 20 números ao custo de R$ 30,00 cada, ou seja, além da mensalidade (cebola), cada membro do PCC paga à organização a quantia de R$ 600,00 bimestrais a título de rifa”, afirma.

Conhecido por “Mineral”, a facção faz uma reserva financeira “que está estrategicamente sendo acumulada a partir dos recursos oriundos das diversas fontes de arrecadação ilícita da organização. Uma mineral significa R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais) em espécie, que fica armazenada sob os cuidados de um integrante de confiança da cúpula. Este valor geralmente é enterrado e muito bem guardado e somente quem o enterrou sabe sua localização. A adoção de tal estratégia se deve principalmente à não utilização do sistema bancário para acúmulo do dinheiro, a fim de dificultar o rastreamento das contas e o bloqueio do numerário por parte dos órgãos de combate ao crime organizado”.

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