Vivian Guilherme

Manuel Neuer, eleito melhor goleiro da Copa, levanta a taça de campeão na Copa  do Mundo (Lars Baron/FIFA/Getty Images)
Manuel Neuer, eleito melhor goleiro da Copa, levanta a taça de campeão na Copa do Mundo (Lars Baron/FIFA/Getty Images)

Há um ano os brasileiros estavam mais tristes. Não a tristeza diária pela falta de recursos, falta de esperança ou apenas pelo estresse cotidiano, era uma tristeza pela decepção. A expectativa pela vitória “em casa” foi sufocada por um 7 a 1 e o choro foi inevitável, naquele inesquecível dia 8 de julho do ano passado.

A derrota ‘vergonhosa’ para a Alemanha e o quarto lugar na Copa do Mundo, que deveria ser do Brasil e no Brasil, trouxe o questionamento: somos realmente invencíveis e os melhores do mundo? Há algumas semanas, a resposta veio: com mais uma derrota, desta vez para o Paraguai e a decorrente saída da Copa América.

Onde está o perfeito esquema tático de 1958, o time dos sonhos de 1962, a formação inconteste de 1970, a garra de 1994 ou o brilhantismo de 2002? Afinal, a seleção brasileira não é mais a mesma? “Não. Nosso futebol decaiu muito tecnicamente nos últimos anos”, responde Geraldo José Costa Junior, que há 19 anos trabalha nas categorias de base em clubes amadores e profissionais de Rio Claro.

A mesma visão é compartilhada por Luiz Fernando Moreira, professor e organizador do Campeonato Dente de Leite no município. “A deficiência da Seleção Brasileira, por não ter obtido bons resultados nas últimas competições, no meu ponto de vista, é por falta de melhor elaboração do calendário brasileiro, falta de planejamento de qualidade antes das competições e, principalmente, um padrão eficiente de jogo”, aponta o professor, que trabalha com meninos de 7 a 13 anos, muitos deles que nunca chegaram a ver o Brasil campeão da Copa.

“As crianças participantes do nosso Campeonato Dente de Leite têm, como todo jogador de futebol, o sonho de estar à frente da Seleção Brasileira. Isso se torna um objetivo que todos os jogadores de futebol buscam”, lembra Moreira, que acredita que a única forma de resgatar a reputação da Seleção Canarinho é mudar a política administrativa: “a gestão deve ser feita de forma profissional, e não por gestores de clubes e federações amadores que estão no cargo. Esse formato de gestão interfere diretamente no desempenho dos atletas”.

Costa também critica a forma de gestão do futebol como é feita atualmente. “Tem que corrigir o que acontece fora do campo e, depois, dentro do campo. O futebol brasileiro sempre foi vitorioso porque sempre se adaptou às inovações táticas e físicas, sem jamais abrir mão da essência de sua técnica refinada. A base é para formar jogador para o clube. E hoje trabalha para vender jogador para o exterior, porque os clubes formadores estão entregues aos empresários. Isso também precisa mudar”, pondera.

Sobre os garotos que passam pelas categorias de base, Costa comenta que os jogadores veem com desconfiança a Seleção do Brasil. “Na verdade, o futebol já não desperta o mesmo interesse na garotada, muito por causa dos novos hábitos e costumes introduzidos na sociedade contemporânea”, diz o técnico que afirma que, na teoria, muitos destes meninos poderiam integrar a sonhada Seleção nas próximas Copas. “Mas, infelizmente, a gente sabe que hoje em dia não é o mérito do atleta que define uma convocação. Como treinador, o objetivo é sempre buscar o máximo rendimento, tudo depende de quem os orienta, dentro e fora do campo.”

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