Antonio Archangelo
Ocupando cargo alvo de processo jurídico que pede sua extinção, o diretor jurídico da Câmara Municipal de Rio Claro, Peterson Santilli, prestou serviços esporádicos à construtora JBS, alvo de investigação do Ministério Público sobre suposto direcionamento no processo licitatório que resultou na contratação da empresa que realizou a reforma do legislativo em 2014.
Peterson, vice-presidente do PSD de Rio Claro, é indicação do ex-presidente da Câmara no biênio 2013/2014, vereador Agnelo Matos (PT), e considerado um dos homens fortes no bastidor do legislativo rio-clarense, que hoje é presidido pelo peemedebista João Zaine.
INVESTIGAÇÃO
De acordo com o promotor André Vitor de Freitas, “há um inquérito que apura suposto direcionamento na contratação da empresa que realizou a reforma da Câmara em 2014. No início pedi sigilo de Justiça para conseguir fazer algumas diligências, fizemos várias oitivas. Superando esta fase, o inquérito se tornou público, conforme a publicação feita no Diário Oficial do Estado de São Paulo”, mencionou à reportagem do Jornal Cidade.
“Dei ciência aos investigados, membros da Mesa Diretora: Agnelo (PT), Maria do Carmo (PMDB) e Dalberto (PDT) estão no inquérito, pois assinaram o contrato e a licitação. O ex-presidente Agnelo, inclusive, já recorreu junto ao Conselho Superior do Ministério Público, o que é um direito dele, para tentar paralisar as investigações. O inquérito foi instaurado quando recebemos uma denúncia informal. Foram seis empresas que participaram da licitação, incluindo duas que ofereceram as garantias contratuais, e me pareceu estranho que só a JBS conseguiu permanecer na disputa. As outras empresas chegaram até a fazer vistoria e não continuaram. O que foi uma surpresa”, concluiu.
JBS
O diretor da construtora JBS, Romulo Coelho Jorge, confirmou que Santilli já teria prestado serviços de advocacia à construtora. “Não é nosso advogado, mas prestou serviços esporádicos, nunca teve contrato. Nosso advogado é de São Carlos”, mencionou à reportagem.
Sobre a investigação de suposto direcionamento, Romulo comenta que “não fui citado pelo Ministério Público, estou louco para ser citado, pois não tem nada de irregular. Se as empresas não participaram, não tenho nada a ver com isso. Achei estranha a citação de sócios – que já nem fazem mais parte do contrato social da empresa há oito anos. Não sei o que está acontecendo, quero ser ouvido. Não teve acerto, fiz uma obra em que tomei prejuízo, já que o aditamento do final do ano de mais de R$ 300 foi praticamente devolvido no final da gestão. Me disseram que o Zaine não queria se envolver com a reforma e que não pagaria aditamento. O aditivo foi devolvido no final do ano. Não conheço o promotor, não depus, inclusive sei que outras empresas foram ouvidas, incluindo o fiscal. Todas as medições foram feitas pelo fiscal contratado pela Câmara. Cheguei a dizer que o reboque do telhado estava todo podre e que daria infiltração nas paredes, mas não deram um aditamento para acatar este conselho técnico”, se posicionou Romulo.
“É ruim, pois expõe a empresa, dois clientes já ligaram me perguntando. Até o desenrolar do processo tem este desgaste. Zelo pela minha empresa, inclusive no andamento da obra, vários servidores vieram pedir emprego e eu, cuidadoso, não contratei nenhum dos servidores da Câmara. Quem não deve, não teme!”, concluiu.
Em agosto do ano passado, de acordo com a diretora de comunicação, Silvana Oliveira, considerando as “Tabelas Oficiais”, a reforma do legislativo estava estimada em R$ 1,8 milhão. A reforma envolveu também a locação de prédio para abrigar setor administrativo do Legislativo por R$ 12 mil mensais, além da locação de contêineres que abrigaram os gabinetes dos vereadores em 2014.
Procurados, a Câmara e Santilli não se pronunciaram até o fechamento desta edição.