Favari Filho

Na última quarta-feira (2) a moeda americana fechou a cotação em alta para venda com maior nível desde dezembro de 2002
Na última quarta-feira (2) a moeda americana fechou a cotação em alta para venda com maior nível desde dezembro de 2002

O dólar alcançou 3,81011 reais na manhã de quinta-feira (3), no quinto dia seguido de valorização. Logo na abertura, a moeda bateu 3,8014 reais, pela primeira vez desde dezembro de 2002.

O fato preocupa o empresariado e, para discutir o tema, o Jornal Cidade conversou com o diretor do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), Assed Bittar, que, a priori, expôs que a moeda sem controle e com a grande volatilidade das últimas semanas não é bom sinal para as empresas e, em especial, às indústrias.

“A alta na moeda derruba qualquer tipo de planejamento, principalmente para quem depende de importação de insumos, pois vê o custo subir de forma descontrolada de um dia para o outro. Agora, entendo que a taxa cambial acima de R$ 3,60 será mais benéfica do que maléfica para a Economia do Brasil, porque torna os produtos mais competitivos no mercado mundial em um momento em que o mercado interno está recessivo e grande parte do mundo ainda tem taxas positivas de crescimento. Com isso, podemos ter no crescimento das exportações – em médio prazo, porque o processo de conquista de mercados externos não é tão rápido – , um fator positivo para contribuir para reação à crise profunda em que estamos mergulhados”.

Vitor França
Vitor França

O momento econômico, de acordo com Bittar, remete a inúmeros erros cometidos, principalmente ao longo dos últimos dez anos, em virtude do que denomina ‘projeto de poder’. “A classe política dominante perdeu na última década um dos melhores momentos da economia mundial para consolidar a brasileira e assegurar, de forma consistente e perene, a melhor condição de vida que milhares de brasileiros conquistaram”.

Quanto às medidas do ministro da Economia, Joaquim Levy, o diretor do Ciesp não acredita serem suficientes porque não atacam a raiz do problema. “São medidas paliativas para que o país possa sair da UTI, mas não suficientes para que saia do hospital. Não estamos tendo real redução dos gastos públicos, não temos uma proposta efetiva que melhore a qualidade dos gastos, não temos condições políticas, pois o país está sem governabilidade e, dessa forma, caminhamos para uma recessão profunda”, enfatizou.

O JC conversou também com Vitor França, coordenador da Assessoria Econômica da Federação do Comércio de São Paulo (Fecomércio), que expôs que a situação no Brasil não é das melhores, pois a economia não deslancha, a inflação em alta tira o poder de compra do consumidor e o aumento do desemprego estagna o crescimento e, o pior, “não há boas notícias com relação ao dólar, pois a tendência é subir ainda mais”, informou França.

Assed Bittar
Assed Bittar

Segundo o economista, a alta teve início depois que Joaquim Levy reduziu, ainda no início do ano, a meta do superávit, e chegou ao valor atual depois que o Governo Dilma Rousseff entregou a peça orçamentaria com déficit de R$ 30,5 bilhões, o que representa 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB). “O fato deixou os investidores com medo, pois o risco Brasil aumentou significativamente e, com isso, os dólares estão saindo do País”, completou.

O cenário nacional, revelou França, gera muita insegurança e prejuízo aos empresários, principalmente aos que trabalham com insumos e materiais importados, ou seja, com a alta do dólar a compra de produtos importados acresce a despesa e agrava a situação da economia. “O momento é de desvantagem para quem importa e de certa vantagem para quem exporta, porém a situação dos negócios no Brasil tem afastado os investidores”, concluiu.

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