Na foto de arquivo, a candidata a prefeita Raquel Picelli, pelo Partido dos Trabalhadores (PT)

Antonio Archangelo

Na foto de arquivo, a candidata a prefeita Raquel Picelli, pelo Partido dos Trabalhadores (PT)
Na foto de arquivo, a candidata a prefeita Raquel Picelli, pelo Partido dos Trabalhadores (PT)

As investigações referentes ao “rachid” [a entrega de parte dos salários de comissionados a vereadores] no legislativo rio-clarense revelaram um outro caso. De acordo com o que apura o Ministério Público, em 2004, ao assumir o mandato de vereador pelo Partido dos Trabalhadores (PT), o suplente Jovair Augusto teria que devolver integralmente os salários da vereança à vereadora Raquel Picelli, que se licenciou do cargo para disputar a sucessão do então prefeito Cláudio Di Mauro. Sendo derrotada naquele pleito. A investigação corre em sigilo.

De acordo com Jovair, ele foi chamado para prestar esclarecimentos ao Ministério Público sobre o caso após algumas testemunhas terem comentado o caso junto à promotoria. “Estou aqui falando sobre o episódio porque não sou mentiroso, corrupto ou desonesto”, disse à reportagem do Jornal Cidade.

Ele conta que, meses antes da decisão de que Picelli concorreria ao Executivo, em 2004, que obrigatoriamente levaria a vereadora a deixar o legislativo, o PT de Rio Claro começou a especular a possibilidade de inverter a ordem de quem assumiria a cadeira. Sem viabilidade legal, a cúpula do partido teria passado a pressionar Jovair, que assumiu o mandato.

Durante cerca de três meses como vereador, Augusto teria entregue o subsídio (estimado em R$ 2,8 mil) para o esposo da vereadora, Paulo Bernardinelli, que iria buscar a quantia no gabinete. Um holerite assinado por Paulo, que indicaria a veracidade das declarações, foi entregue por Jovair ao MP. “Não tenho nada contra eles, mas o promotor me perguntou e não sou de mentir”, revelou o ex-petista. “Eles [Olga, Marcelo e Geraldinho] queriam que eu assinasse um documento que declarava que possuía uma dívida com a vereadora. Eu disse: vocês são todos loucos! A vereadora chegou a me ligar: fiquei sabendo que você concordou em repassar o meu salário?”

Jovair Augusto - como vereador do Partido dos Trabalhadores em 2004
Jovair Augusto – como vereador do Partido dos Trabalhadores em 2004

Jovair conta, ainda, que as quantias foram entregues para Paulo durante visitas programadas no gabinete e a quantia era entregue em espécie na frente de uma ex-assessora da vereadora.

Jovair Augusto durante entrevista ao Jornal Cidade
Jovair Augusto durante entrevista ao Jornal Cidade

MINISTÉRIO PÚBLICO

A promotoria confirmou que está concluindo as investigações e poderá ingressar na Justiça com ação que poderá pedir a condenação da vice-prefeita Olga Salomão, do sindicalista Marcelo Fiorio e do atual superintendente do Departamento Autônomo de Água e Esgoto (Daae) Geraldo Pereira, todos componentes da direção do PT à época. Além da vereadora Raquel Picelli e o esposo Paulo.

O OUTRO LADO

Por telefone, Marcelo Fiorio indagou como que o JC teve acesso ao inquérito. “Como você teve acesso, se está em sigilo? Só podemos falar se o promotor autorizar”, disse Fiorio.

A reportagem não obteve êxito em localizar Olga Salomão, Geraldo Pereira, Raquel Picelli e Paulo Bernardinelli, após diversas tentativas.

A ex-assessora da vereadora, identificada como Rita de Cássia Pessoa, não quis comentar. “O que me foi questionado sobre isso, já falei no MP. Não vou comentar no paralelo” disse.

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