MATHEUS MOREIRA – SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

Um dos maiores estudos até o momento sobre a relação entre crianças e o novo coronavírus descobriu que o papel dos mais novos na difusão do Sars-CoV-2 é ainda maior do que se pensava.

De acordo com os pesquisadores, as crianças infectadas com o vírus apresentaram maior carga viral nas vias aéreas do que os adultos internados em UTIs (Unidade de Terapia Intensiva). Na prática, isso quer dizer que as crianças são mais contagiosas que os adultos, independentemente de apresentarem ou não complicações por causa da doença.

O estudo, realizado por cientistas do Massachusetts General Hospital afiliado a Universidade de Harvard do Mass General Hospital for Children, foi publicado no Journal of Pediatrics.

Ao todo, 192 crianças e jovens com idade entre 0 e 22 anos participaram da análise, dentre as quais 67 haviam sido infectadas pelo novo coronavírus.

Entre as descobertas está a de que os sintomas mais comuns do coronavírus em crianças são os que mais se aproximam de resfriados comuns -febre, tosse e coriza-, o que pode confundir pais e responsáveis quanto a possibilidade do contágio pelo Sars-CoV-2.

O risco de transmissão do vírus aumenta em casos de maior carga viral, o que confirmaria a hipótese de que crianças são vetores da doença.

Os achados poderiam, por exemplo, impactar a reabertura de escolas e creches por causa do contato entre as crianças e os funcionários. Para os cientistas, as primeiras conclusões, que indicavam que os infectados eram majoritariamente adultos, estavam equivocadas.

Os resultados mostram que as crianças, apesar de não ficarem tão doentes, também são facilmente infectadas e sua aparente resposta imune ao vírus pode confundir adultos e resultar na maior transmissão da doença.

Além disso, o estudo revelou que crianças tem menos receptores do vírus, o que explicaria a doença mais branda e melhor resposta imunológica. No entanto, a baixa quantidade de receptores do Sars-CoV não impede que os mais novos acumulem alta carga viral.

Pelo menos 30 autores assinam o estudo que, de forma geral, recomenda em caso de retorno às aulas presenciais que as escolas não utilizem a medição de temperatura ou os sintomas clínicos como base para aferir se uma criança está ou não com a Covid-19.

Esses dois critérios não são provais cabais de infecção nem mesmo entre os adultos.

A melhor maneira de se proteger ainda é o distanciamento social, uso de máscaras, lavagem eficaz das mãos e o ensino à distância quando possível.

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