John Lennon dizia que gostava de viver em Nova York porque lá ele podia ser um homem comum. Depois de alcançar a fama com os Beatles, Lennon mudou-se para a cidade em 1971, um ano após o fim da banda, com a mulher Yoko Ono.
A exposição John Lennon em Nova York, que abre nesta sexta-feira, 13, no Museu da Imagem e do Som (MIS), traz fotos de Bob Gruen que mostram a relação do artista com a cidade, na tentativa de mudar sua vida e reposicionar a carreira. A mostra conta com imagens feitas em um período de nove anos. Gruen conheceu Lennon pouco depois da mudança do ex-beatle para Nova York, em um período de efervescência cultural da cidade, que abrigava músicos, poetas e artistas plásticos que se tornariam célebres.
O fotógrafo conta que, por meio de Yoko, Lennon conheceu Andy Warhol e John Cage. “Acho que John gostou de conhecer esses artistas e interagir com eles”, afirma.
As imagens de Gruen já foram expostas em outros países, mas em São Paulo ganham um recorte diferente, apostando em uma linha cronológica dividida em sete áreas. “Partimos desse olhar íntimo para tentar colocar o visitante em um ponto de vista muito privilegiado, ao qual poucas pessoas tiveram acesso”, explica o jornalista Ricardo Alexandre, que assina a curadoria da mostra.
Logo que chegou aos Estados Unidos, Lennon enfrentou problemas com a imigração, pouco antes de lançar o álbum Imagine. Em meio à Guerra do Vietnã, o músico e Yoko eram contra o presidente Richard Nixon, que estava prestes a tentar a reeleição. Lennon foi perseguido pelo FBI, já que o governo americano estava disposto a deportá-lo para a Inglaterra. Esse período é o foco da seção New York City. Somente em 1976, ele obteve o visto permanente.
Gruen diz que a imagem em que Lennon está em frente à Estátua da Liberdade, feita justamente quando o artista batalhava para permanecer nos Estados Unidos, é a mais simbólica da exposição. “Ela tem um significado maior, porque a Estátua da Liberdade simboliza a liberdade pessoal. E acho que as pessoas olham para John Lennon como um símbolo da liberdade pessoal.”
No período conhecido como Lost Weekend (Fim de Semana Perdido), Lennon se separou de Yoko e passou a se relacionar com a assistente dela, May Pang. Fotos tiradas nesse período também fazem parte da mostra, assim como as dos anos finais do artista, que se reconciliou com Yoko.
Após o nascimento do filho Sean, em 1975, Lennon se dedicou a cuidar dele e abandonou a música. Essa fase é o foco da seção Dono de Casa, em que Gruen teve acesso à intimidade da família do músico.
Para Alexandre, Lennon entendia o valor de sua imagem e acreditava na importância da fotografia. “Faz muito sentido que um artista como ele tenha se colocado tão abertamente como seu próprio personagem. A sua transformação era sua arte. Ele estava em busca de transformação o tempo todo”, explica.
A morte de Lennon, assassinado por Mark Chapman em frente ao edifício Dakota em 8 de dezembro de 1980, ocorreu no momento em que o músico lançava o álbum Double Fantasy, o primeiro depois de cinco anos. Gruen esteve com o amigo dois dias antes da morte “Falamos por horas sobre os planos dele de fazer uma turnê mundial. Ele estava muito feliz que o disco estava vendendo bem e estava imaginando que o ano seguinte seria ótimo.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Por Renato Vieira