A chegada de Maria do Carmo Guilherme (MDB), ex-vereadora que foi candidata a prefeita de Rio Claro em 2020, ao Governo Gustavo Perissinotto (PSD) dá o próximo passo no tabuleiro de xadrez da política local. Ainda que alguns já considerem essa jogada um xeque-mate, ainda é cedo para o gesto final. Isso porque está se finalizando no próximo mês o segundo ano de mandato da atual gestão. Daqui até a próxima eleição, ainda que seja apenas um pulo, também são quase dois anos em que ainda muitas outras jogadas poderão acontecer.

Maria foi adversária de Gustavo no pleito que o elegeu. Ficou em segundo lugar, isolando o ex-prefeito João Teixeira Junior na terceira colocação. É sabido que, na verdade, essa parceria entre Gustavo e MDB é antiga. Foi por esse partido que disputou pela primeira vez em 2016, perdendo para Juninho. Após deixar a legenda, filiou-se ao PSD com a proposta da terceira via. No entanto, no decorrer das articulações, chegou-se ao consenso de o MDB indicar um vice a Gustavo. Os nomes não agradaram e Rogério Guedes, então vereador, conseguiu conquistar o posto.

Numa grande reviravolta, Maria voltou de uma reunião com o presidente nacional do seu partido, Baleia Rossi, com a missão de ser a candidata a prefeita, fato que ocorreu e o resto é história. Agora, a ideia é ajustar novamente esse tabuleiro. Maria soma um valor popular que Gustavo ainda não conseguiu engajar. Conhecida em todo município através dos quatro mandatos de vereadora, levará ao Governo Gustavo um trabalho para agregar o olhar social.

Por outro lado, cria uma pulga atrás da orelha dentro do gabinete do vice-prefeito. Rogério, hoje no PL, percorre toda a cidade e já foi chamado até mesmo de 20º vereador. Suas pretensões a se lançar a prefeito são comentadas nos bastidores, mas não se sabe ainda se isso se confirmará lá na frente. Aliados muito próximos do prefeito Gustavo dizem que a parceria entre ambos, apesar de perfis completamente distintos, deu certo e pode se repetir em 2024. O próprio presidente do PL Rio Claro, Alcir Russo Junior, declarou na semana passada à Farol JC que não tem por que não continuarem a caminhar juntos.

Mas, então, como Maria influencia nisso tudo? Sua presença na atual gestão abre uma nova ferida dentro do MDB. O racha entre os principais nomes da sigla é público e notório. E quem fica isolado, desta forma, é o ex-prefeito Du Altimari ao lado de outros emedebistas que engajam uma tentativa de oposição ao atual prefeito. Essa posição, na opinião de alguns, travou a renovação dentro do partido, que vai precisar lutar para sobreviver à eleição de 2024.

A posição de Maria dentro da administração municipal faz, ainda que não seja propriamente a intenção dela, o MDB jogar uma das últimas alternativas para continuar sobrevivendo politicamente. Perissinotto permitirá um alinhamento, quase que num gesto de benevolência, para que seu antigo partido lhe dê apoio para a candidatura à reeleição visando a uma vitória – essa, sim, que será o xeque-mate.

Claro que haverá necessidade de empenho por parte do atual chefe do Poder Executivo para a façanha. Ampliar sua comunicação para mostrar o que a gestão tem feito pelo município, seja verbal ou na forma das próprias obras que estão previstas, como o grandioso projeto de recapeamento que vai atingir toda a cidade num investimento de R$ 190 milhões, a construção do Hospital Municipal nas dependências do P.A. do Cervezão será o coringa eleitoral para a saúde, entre outros projetos. Além disso, se fazer popular – tal como Maria e Rogério são nas bases periféricas de Rio Claro. Alguns desafios.

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