Imagem: Arquivo JC.

A notícia da saída de Osmar da Silva Junior do comando do Departamento Autônomo de Água e Esgoto (Daae) para atuar em outra frente na Prefeitura, conforme repercutido pelo Farol JC, pegou a muitos de surpresa. Elogiado por sua atuação, Osmar esteve por um ano e meio na superintendência e agora abre vaga para ser ocupada por Sérgio Luiz Costa Ferreira, então diretor administrativo e financeiro.

É a quarta vez em menos de cinco anos que há troca de superintendente na autarquia. O ano de 2017 começou com Francesco Rotolo (in memoriam) sendo nomeado pelo então prefeito Juninho para comandar a pasta. Rotolo ficou por um tempo, mas logo foi remanejado para a então Secretaria de Governo, Desenvolvimento Econômico e Planejamento. Com sua saída, entrou Ricardo Pires. Porém, o profissional permaneceu por pouco meses.

Já em novembro de 2018, o administrador Paulo Roberto Bortolotti foi apresentado como o novo superintendente, fechando o mandato do ex-prefeito. Logo que se iniciou o Governo Gustavo Perissinotto (PSD), Osmar da Silva Junior chegou com expertise da iniciativa privada para administrar o Daae. Um ano e meio depois, deixa a autarquia.

Deixando de lado o perfil de trabalho de cada superintendente, o fator próprio do Daae em si é algo desafiante para os últimos governantes. Com dezenas de milhões de dívidas dos contribuintes – fato que tenta ser amenizado com sucessivos Refis – e grandes débitos para o pagamento da energia elétrica que correm de muitos anos com a Elektro, além das dificuldades financeiras para novos investimentos, o Departamento Autônomo de Água e Esgoto, que um dia emprestava dinheiro para a Prefeitura, hoje respira por aparelhos.

No Governo Du Altimari, Geraldo Gonçalves Pereira, o Geraldinho, comandou o Daae durante os dois mandatos do emedebista. Consultado pelo Farol JC, lembrou que assumiu a autarquia no meio do processo de transição da privatização do sistema de esgoto através da PPP (parceria público-privada) executada no governo anterior, do ex-prefeito Nevoeiro Júnior.

“Não restava alternativa a não ser administrar o contrato e foi o que fizemos. Tivemos muitos avanços. Não consigo lembrar de outro período com tantos investimentos como na época. Com apoio do governo, fizemos um belo trabalho”, comenta. Sobre os maiores desafios, pontua, porém, que a dificuldade financeira com a folha de pagamento foi algo que teve que resolver.

Paulo Bortolloti lembra que há anos o Daae acumula dívidas. “A água em si não é cara, mas o Daae tem encanamentos de 50 anos, equipamentos antigos e acumula-se num ponto que tem que se investir muito para pôr em ordem. O custo de operacionalização é caro. É muito complicado. A energia é um dos maiores custos, o terceiro, atrás da BRK e da folha de pagamento. O Daae sempre vai ficar no vermelho”, alerta.

Na opinião de Bortolotti, a PPP não implica o “buraco” da autarquia diretamente. “Todos falam da BRK. Mas pagava-se pelo esgoto, mas não investia, então sobrava dinheiro. Ninguém nunca olhou ao Daae como empresa. Era para ter lucros há muito tempo. O poder público e a população precisam olhar e com carinho para o Daae. Precisa de uma luz”, finaliza.

Já Osmar da Silva Junior, em contato com a coluna, diz que a motivação da sua saída é para colocar em prática projetos pessoais. “Amadurecendo essa conversa com Gustavo, construímos essa solução para que eu trabalhe no governo com projetos estratégicos e técnicos para executar os trabalhos, conciliando essa necessidade. Não são os problemas do Daae que motivaram a saída”, afirma.

De acordo com Osmar, “estando no governo, os problemas vão continuar e eu tenho mais possibilidades de ajudar estando fora do Daae, correndo atrás de recursos, por exemplo. Dentro não consigo parar para pensar estrategicamente. Amo o Daae, quero o bem da cidade, quero agradecer a todos os servidores e vou fazer de tudo para que o Daae melhore a cada dia, evitando que se tenha uma privatização, existe um caminho e vou ajudar a construir”, finaliza.

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