: O combate do incêndio ocorrido em 18 de junho se estendeu até a noite, requerendo ação contínua dos combatentes

Uma triste realidade tem feito parte de um patrimônio que a cidade de Rio Claro tem o privilégio de ter. Os incêndios na Floresta Estadual Edmundo Navarro de Andrade (Feena) tem deixado um rastro de destruição e estatísticas que fixam marcas na fauna e na flora. Esse cenário ainda tem um capítulo a parte: segundo a administração da Feena tudo indica que 99% dos incêndios ocorridos são ligados a ação humana – essa evidência se fortalece, pois grande parte dos focos ocorre em áreas onde os limites da Floresta interagem com os limites do município, ou seja, com bairros residenciais.

Neste ano 18 ocorrências de incêndio em área da Feena foram registrados até o momento, que atingiram 72,8 hectares. Além disso, 25 ocorrências de inícios de incêndio a partir de fogo ateado em descartes irregulares de resíduos sólidos, ou seja, lixo descartado incorretamente em área da Floresta. Estes números já ultrapassaram as estatísticas do ano inteiro de 2023 onde foram registradas 12 ocorrências de incêndios, totalizando 17,7 hectares queimados. Também aconteceram 18 focos em resíduos descartados.
A reportagem do Jornal Cidade conversou com a administração da Floresta que esclareceu o trabalho que vem desenvolvendo para mitigar esse problema. Confira:

JC: De que forma a gestão da Floresta vem trabalhando para inibir situações como estas? A maioria das ocorrências tem cunho criminoso com a ação humana?
Feena: “A Fundação Florestal, da qual a Feena faz parte, trabalha continuamente para prevenção e combate de incêndios florestais através da operação SP SEM FOGO, que tem 3 fases: Verde, amarela e vermelha. Na fase verde, que vai de Janeiro a Março, onde nos encontramos na época de chuva, ocorre o planejamento das ações da temporada, e o início das ações preventivas e de preparação. Na fase amarela, em Abril e Maio, começamos a ficar mais atentos, e se intensificam as ações preventivas e de preparação. A fase vermelha, então, abrange o período de Junho a Outubro, ou seja, época de estiagem, onde o tempo fica mais seco e o risco de incêndios aumenta; nesta fase ocorre intensificação da fiscalização, maior atenção para ações de resposta, e é onde ocorre o maior número de combate a fogo de fato. Por fim, de Novembro a Dezembro entramos novamente na fase verde, e é feita a avaliação da temporada, e se inicia o planejamento da temporada seguinte. Ao longo dessas fases, a Secretaria Municipal de Segurança e a Defesa Civil são importantes parceiros, que não só nos apoiam no combate a incêndios, como também nos forneceram acesso às câmeras de segurança da Secretaria que estão localizadas em pontos estratégicos onde podemos monitorar toda a área da Feena. Além disso, durante a fase vermelha essa equipe também nos apoia através do aumento da frequência de rondas nos limites da Floresta. Nossa equipe também trabalha muito com ações de Educação Ambiental, buscando ter um efeito a longo prazo no entendimento das pessoas sobre a importância da prevenção de incêndios florestais e tudo que isso engloba. Nós atendemos escolas públicas e particulares, projetos sociais, e outros diversos tipos de instituição, além de participar de eventos a fim de conversar com o público sobre o tema; apenas em 2024, realizamos a conscientização sobre prevenção e combate a incêndios florestais para mais de 2.000 pessoas”.

O incêndio ocorrido em 18 de junho atingiu mais de 50 hectares

JC: De que forma essas áreas afetadas por incêndios tem sido trabalhadas? É possível ter uma expectativa de reflorestamento ou melhorias?
Feena: “Atualmente está em execução um projeto de restauração na Área de Proteção Permanente do Ribeirão Claro que se encontra dentro dos limites da Feena. Essa restauração já plantou mais de 4.000 mudas na área, e cuidará também de sua manutenção. O Ribeirão Claro é uma importante fonte para o abastecimento público de Rio Claro, então esta ação é de grande significância para a Floresta. Além dessa restauração, que já está em execução, a instituição tem outras medidas em planejamento também”

JC: – Outro ponto seriam os animais. O local é habitado por várias espécies e essas ocorrências também afetam a fauna, o que a gestão tem notado nesta parte?
Feena: “Os animais mais afetados em incêndios florestais são os de porte pequeno, assim como os que se movimentam mais lentamente, como serpentes. Ao mapear a área queimada para registro, nossos monitores já observaram pequenos roedores silvestres e serpentes carbonizados”.

Os pequenos animais, como esta cobra coral, são as maiores vítimas de incêndios florestais

JC: – Sempre que incêndios são registrados a Feena conta com o apoio da Defesa Civil, Corpo de Bombeiros, essa parceria é fundamental para evitar estragos ainda maiores?
Feena: “Com certeza, a ação conjunta com as demais instituições do município, como Corpo de Bombeiros e Secretaria de Segurança, agiliza o combate aos incêndios florestais, logo não só evita maiores danos à Feena, como também aumenta a segurança dos combatentes durante a ação”.

JC: – Como a população deve colaborar? É importante ser um agente fiscalizador já que o local recebe visitantes?
Feena: “A melhor forma com que a população pode colaborar é através da fiscalização, não só da ocorrência de focos de incêndio em si, mas também da denúncia ao observar alguém realizando descarte de resíduos na área da Floresta Estadual, já que a maioria dos focos, como dissemos, começa quando alguém coloca fogo em resíduos e restos de poda de árvore. A denúncia pode ser feita através dos canais da Defesa Civil (199) e Guarda Civil Municipal (153). No caso de incêndios em área da Feena, temos nosso telefone fixo: (19) 3525-7036, e nosso celular institucional com WhatsApp: (11) 94457-7878”.

A sua assinatura é fundamental para continuarmos a oferecer informação de qualidade e credibilidade. Apoie o jornalismo do Jornal Cidade. Clique aqui.