A escritora, atriz e roteirista Fernanda Young morreu na madrugada deste domingo, 25, aos 49 anos. O estilista Rodrigo Rosner, um amigo próximo, afirmou que Fernanda teve uma crise de asma, seguida por uma parada cardíaca. De acordo com ele, não houve demora no atendimento.
Fernanda estava na companhia de uma amiga no sítio da família em Gonçalves (MG) quando passou mal. “Ela teve uma crise de asma seguida de uma parada cardíaca e faleceu”, explicou. Rosner lamentou a morte. “Ela era incrível, isso é o mais importante.”
Fernanda foi roteirista de séries como “Os Normais”, “Minha Nada Mole Vida” e “Como Aproveitar o Fim do Fundo”. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, a artista falou sobre a série Shippados, que estreou na Globo em 18 de junho. O roteiro foi escrito por ela em parceria com Alexandre Machado. “Queremos mostrar o que se passa nesses novos tempos e não simplesmente fazer piadas sobre relacionamento”, afirmou à época das gravações.
“Quando a paixão surge, agora? Quando dá um match? Não sei. O fato é que essa é uma mudança irreversível, então os seres humanos vão se adaptar a ela, como já se adaptaram a diversas outras. Algo se perde? Provavelmente. Algo se ganha? Talvez, ainda é cedo para dizer. Pode ser que os relacionamentos pós-redes sejam mais sinceros, pois não há mais como se ter segredos, acabou a privacidade. No fim das contas, o amor prevalece e sobrevive, apesar todas as mudanças que o mundo sofreu. As pessoas querem o amor, não importa de qual maneira ele venha”, disse Fernanda ao Estado em fevereiro.
Nascida em Niterói, no Rio, em 1º de maio de 1970, Fernanda estreou como roteirista na Globo em 1995, com a série “A Comédia da Vida Privada”, baseada em textos de Luis Fernando Verissimo, que assinou com o marido Alexandre Machado, seu parceiro em todos os trabalhos na TV. No ano seguinte, ela publicaria seu primeiro romance, “Vergonha dos Pés”, o início de uma carreira de sucesso na literatura que teria ainda mais 13 títulos.
Em 2001, veio um dos maiores sucessos da comédia da televisão brasileira: “Os Normais”, série estrelada por Fernanda Torres e Luis Fernando Guimarães, que ficou no ar até 2003 e ganhou dois longa-metragens. Young foi indicada duas vezes ao prêmio de Melhor Comédia do Emmy Internacional, por “Separação?!” e “Como Aproveitar o Fim do Mundo”.
Ela entraria em cartaz no próximo dia 12 com a peça “Ainda Nada de Novo”, contracenando com Fernanda Nobre. O enredo conta a história de um casal lésbico prestes a filmar um filme – as personagens são uma diretora e sua atriz principal.
Os Normais
Numa época em que a Globo estava longe do humor inteligente e engajado que apresenta hoje, capitaneado por Marcius Melhem, e em que o estilo Zorra Total de fazer comédia ainda imperava, Fernanda fez história com “Os Normais”. Com estilo totalmente nonsense, a série escrita em parceria com Alexandre Machado foi uma quebra de paradigma. Os eternos noivos, Vani (Fernanda Torres) e Rui (Luiz Fernando Guimarães), iam contra aquele velho modelo de casais certinhos que a TV adora retratar.
Se metendo em confusões eternas, Vani e Rui tinham diálogos desconcertantemente engraçados, sem filtro, e não raro escatológicos. Um tipo de comédia que causava estranhamento, tirava da zona de conforto dos bordões dos tradicionais programas. A princípio “Os Normais” chocou, depois o público se deixou levar pelos delírios do casal. A série rendeu dois filmes
Fernanda assinou outros roteiros na Globo, seguindo sua linha de humor ácido, numa trajetória de altos e baixos. Algumas outras produções não deram tão certo, como “Os Aspones” e “Separação?!” Outras renderam bons momentos, como “Minha Nada Mole Vida”. Com Mônica Iozzi e Tony Ramos, “Vade Retro”, exibida em 2017, também era uma promessa que não vingou. A história da advogada ingênua seduzida pelo diabo não agradou.
Como apresentadora, Fernanda Young se destacou em “Irritando Fernando Young” e “Saia Justa”, com sua sinceridade e humor.
Com “Shippados”, disponível no Globoplay, Fernanda voltou a encontrar o tom atualizando seu casal para os tempos de relacionamento via aplicativos. Foi uma combinação que deu certo: história bem contada, bons diálogos, bons atores/protagonistas. Foi sua versão Os Normais 2019. Infelizmente, ela não teve tempo para continuar essa história. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.