Entre as datas no calendário judaico, o Chanucá é cultuado nas sinagogas e, também, nas casas das famílias praticantes

Wagner Gonçalves

Entre as datas no calendário judaico, o Chanucá é cultuado nas sinagogas e, também, nas casas das famílias praticantes
Entre as datas no calendário judaico, o Chanucá é cultuado nas sinagogas e, também, nas casas das famílias praticantes

No mês de dezembro uma série de festividades faz parte de eventos que marcaram a história. Em âmbito religioso, existem as celebrações que simbolizam fatos marcantes que fundamentam as doutrinas. Neste mês, conforme a Congregação Israelita Paulista, comemora-se o Chanucá, chamada festa das luzes, que neste ano terá um encontro musical para celebrar o feriado na capital de São Paulo.

O rabino Michel Schlesinger detalha sobre a simbologia da data, que faz menção à reconquista, por parte dos macabeus, do Templo de Jerusalém, que havia sido profanado por povos de origem grega. Nesta ocasião é tempo de relembrar, também, o milagre do azeite, utilizado para acender o candelabro do templo que deveria ter durado apenas um dia, “mas ardeu por oito dias até que um novo azeite puro pudesse ser produzido”.

Por essa razão celebra-se o Chanucá, seja na sinagoga ou nas casas, com o acendimento de um candelabro de oito braços e uma chama piloto. O rabino destaca que alguns alimentos também remetem a esse significado: “é costume comer alimentos fritos no óleo, como sonhos, também em lembrança do milagre”.

Para ele, esta data representa a defesa do direito de que todos pratiquem as religiões, respeitando a liberdade de cada um, e destaca que o fanatismo é uma ameaça real, ainda nos dias atuais. “Os ‘gregos’ de nossa era querem impedir as pessoas de acreditarem naquilo que querem acreditar e a ser aquilo que desejam ser. Cabe a nós assumirmos o papel de macabeus contemporâneos e trabalhar por um mundo livre”, ressaltou Schlesinger.

SHABAT

A cada ano, no calendário judaico, há ocasiões específicas que representam a doutrina e a prática religiosa. Durante esse período, por exemplo, é hábito comemorar o Shabat, expressão que significa pausar (cessar). Por ser uma festa rotativa, que segue o calendário, em 2014 ela será de 16 a 24 de dezembro, com duração de oito dias.

Neste período de pausa na vida do judeu, a festividade simboliza a celebração das maravilhas de “D-us” (D-us = uma das formas utilizadas por alguns judeus de língua portuguesa para se referirem a Deus sem citar seu nome completo), conforme diz André Medolago, judeu praticante da ordem reformista.

De acordo com a tradição, ressalta Medolago, é tempo de celebrar a libertação do povo judeu da escravidão do Egito. Para ele, esta é uma data importante no calendário por celebrar a união das famílias: “creio que a união e a família são coisas extremamente valiosas, independentemente da sua crença”.

OS RITOS

O Shabat, assim como em os outros dias judaicos, começa ao anoitecer. “As velas do Shabat são acesas e uma bênção é recitada no máximo até dezoito minutos depois do pôr do sol”, explica Medolago dizendo ser este um ritual feito pela mulher da casa, o qual assinala oficialmente o início do Shabat. Duas velas são acesas, representando o que foi mencionado nos dez mandamentos: Zachor (recordar o dia de Shabat para santificá-lo) e Shamor (guardar o dia do Senhor).

Pode-se ainda acender uma vela adicional a cada filho que nasce, além das duas principais, e de meninas, a partir de três anos, acender sua própria vela, auxiliada pela mãe, que deverá em seguida acender a sua. Logo após, ele diz que a família então poderá participar de um Cabalat Shabat em uma sinagoga próxima a sua casa.

“Ao retornar da sinagoga, a família se mantém unida em torno da mesa”, comenta dizendo que, depois, o homem da casa recita o Kidush, uma prece sobre o vinho, santificando o Shabat. então a família saboreia o jantar.

Depois do jantar, o bircat hamazon (Graças Após as Refeições) é recitado. Embora isso seja feito todos os dias, no Shabat é feito de maneira mais relaxada. Quando tudo isso já foi completado, geralmente são 21 horas, ou mais. A família tem uma hora ou duas para conversar ou estudar Torá, e depois vai dormir.

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