Dois crimes têm se tornado cada vez mais comuns em Rio Claro: são o furto e a posterior receptação de fiação elétrica. Somente este ano, mais de 20 ocorrências já foram registradas, segundo dados oficiais levantados pela reportagem do Jornal Cidade junto à Polícia Civil. Um dos casos mais recentes aconteceu no Centro da cidade. Um estabelecimento comercial foi furtado por três vezes em menos de quatro dias. Nem mesmo a câmera de segurança do local intimidou os criminosos. As imagens registraram o momento em que agiram e furtaram os fios elétricos.

O comerciante Danilo Tamaru relata o prejuízo com a ação dos bandidos, que foram identificados e detidos. Um deles, porém, é menor de idade e acabou liberado. “Fomos vítimas de três furtos em apenas quatro dias. Eles furtaram os fios da frente da loja e deram um prejuízo e transtorno imensos para nós. As câmeras ajudaram [a localizar os criminosos], mas após o segundo furto precisamos colocar um segurança para vigiar e ele conseguiu abordar um deles até que a polícia chegasse”, comenta.

Segundo o empresário, o primeiro furto ocorreu numa sexta-feira, logo no dia seguinte, sábado, e também na segunda-feira. Tudo isso no começo do mês de fevereiro. “O furto demorou aproximadamente 10 a 15 minutos para ser concretizado e levaram toda fiação elétrica da frente da loja”, explica. O comércio de Tamaru, entre outros produtos, também conta com muitas geladeiras de açougue, onde carnes nobres são vendidas. Com o crime, alimentos foram perdidos. “Além do prejuízo dos fios e da mão de obra para ser refeito, também uma geladeira que estava cheia queimou o motor. Queimou também um ar-condicionado. Tivemos um prejuízo, somando tudo, de mercadoria aos fios, de algo em torno de quase R$ 30 mil”, afirma.

Por conta de um dos criminosos, que é menor de idade, ter sido liberado, Tamaru diz que sente uma sensação de impunidade. “Total sensação de impunidade, ele era menor e foi solto poucas horas depois. E o outro só não foi liberado porque 15 dias antes havia sido preso pelo mesmo motivo”, acrescenta. Segundo ele, há relatos de mais crimes como esse em toda cidade. “Além da impunidade, a gente fica revoltado. É um crime que está acontecendo muito na cidade, dá muito transtorno e prejuízo”, finaliza.

Estatísticas

Conforme levantamento do Jornal Cidade, em janeiro e fevereiro foram mais de 20 ocorrências deste crime. Os registros ocorreram no Centro, Saúde, Cidade Nova, Allan Grey, Jardim Primavera, Jardim Ipê, Jardim Ipanema, Jardim Floridiana, Jardim das Palmeiras, Jardim Centenário, Vila Operária, Vila Aparecida e Consolação. Somente no Centro foram mais de cinco crimes no período. Entre as ocorrências em geral, algumas ocorreram em escolas, como na E. E. Nelson Stroili, no Sesi Rio Claro, na E.E. Chanceler Raul Fernandes e até mesmo no Departamento Autônomo de Água e Esgoto (Daae).

Operações

Para coibir a receptação e compra desses materiais que são furtados ou roubados, o poder público realiza operações em conjunto com a Guarda Civil Municipal, Desurb e Vigilância Sanitária da Prefeitura, Polícia Civil e Polícia Militar. A GCM Joelma, comandante da Guarda Civil, lembra que, caso sejam constatadas irregularidades em estabelecimentos como ferro-velho, investigações serão iniciadas. “Em algum lugar que for encontrada irregularidade, abre-se inquérito e cada setor vai direcionar o serviço e sanções”, explica.

A autoridade recomenda aos moradores e comerciantes, se possível, manterem algum tipo de sistema de monitoramento nos imóveis. “Principalmente no horário noturno, quando acontece esse tipo de crime, e que seja visível, porque alguns monitoramentos são dificultosos para verificarmos quem são os autores. E também sistema de alarme, se ocorrer e precisar de ajuda da GCM, é só ligar para nós e vamos deslocar uma viatura para colaborar com esse cidadão”, comenta. De qualquer localidade do País, o cidadão pode acionar a GCM Rio Claro pelo 0800-771-1532, ou pelo 153 de dentro da cidade.

O município de Rio Claro conta com lei em vigor que versa sobre coibição de receptações em ferros-velhos. Uma delas, de autoria do vereador José Pereira (PSD), proíbe a aquisição, estocagem, transporte, comercialização e qualquer outro tipo de comércio de peças sem a devida comprovação de origem. Entre as peças estão cabos e fios de cobre ou de alumínio de telefonia, energia elétrica, TV a cabo, internet e hastes oriundos de qualquer empresa, concessionária, prestadora de serviços públicos e privados.

Maurício Monteiro, fiscal de posturas do Desurb da Prefeitura, lembra que os proprietários dos estabelecimentos estão sujeitos a multas e cassação de alvarás. “A fiscalização de posturas do município participa dessas operações no intuito de aplicar os parâmetros da lei, que prevê dispositivos específicos para esse tipo de comércio, que são sucatas de metais mais valiosos, justamente para buscar regularização de quem atua nessa área, mas também coibir esse tipo de comércio que incentiva os furtos de cabos elétricos e até hidrômetros”, afirma.

A legislação prevê que, em caso de localização dos materiais sem comprovação da origem, aplicação de multa pecuniária e dependendo da regularidade do estabelecimento ou volume do material, até mesmo a interdição por tempo indeterminado do local. “Você cessa a atividade do local e, não bastando isso, a ação da Polícia Civil dá prosseguimento ao inquérito policial que pode resultar, se comprovado o crime, a levar medidas judiciárias”, finaliza Monteiro.

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