PRISCILA CAMAZANO E TOTE NUNES – SÃO PAULO E CAMPINAS, SP (FOLHAPRESS) – Um adolescente de 15 anos matou o pai na tarde desta terça-feira (3) em um condomínio de alto padrão em Valinhos (a 98 km de SP). Segundo ele, a mãe era vítima frequente de agressões, físicas e psicológicas impostas pelo pai.

O homem, um empresário de 42 anos, conhecido na cidade por circular com carros de luxo e colecionar armas, foi encontrado morto pelos agentes dentro de um veículo, na garagem da casa. Uma pistola 9 mm foi apreendida, segundo o registro policial -o garoto a entregou para um vigilante do condomínio. Quando a polícia chegou, a mulher e o adolescente estavam no interior da residência.

Mãe e filho prestaram depoimento na noite desta terça na Delegacia de Valinhos e foram liberados. O caso foi registrado como “ato infracional e homicídio em legítima defesa”. O jovem vai responder ao processo em liberdade.
De acordo com informações do Boletim de Ocorrência, mãe e filho afirmaram na delegacia que, na noite anterior ao crime, o homem havia discutido e ameaçado os dois.

No relato, disseram que o empresário chegou a apontar o revólver para a cabeça deles dizendo que iria matá-los. Os dois contaram ainda que o homem teria dormido fora de casa naquela noite, mas, ao voltar, continuou as ameaças.
Mãe e filho disseram que tentaram ir embora da casa, mas o pai os impediu. Em determinado momento, o homem teria dito que o filho deveria ficar em um quarto, nu, e fez um alerta. Teria dito que o garoto “iria levar uma surra; perder os dentes e que, se não morresse, iria ficar aleijado”.

O adolescente teria, então, pegado uma das armas da casa e feito um primeiro disparo, que acertou o abdome do empresário. Ferido, ele teria se deslocado até um dos carros da família, onde, segundo o jovem, estaria uma arma que seria usada contra ele e a mãe. Foi então que ele disparou mais duas vezes.

A polícia encontrou oito armas na casa, entre elas um fuzil e uma carabina. Foram apreendidos ainda quatro pistolas, dois revólveres e ao menos 40 cartuchos de munição intactos. A origem das armas será investigada, porque existe a suspeita de que os registros possam ter sido falsificados. Na garagem da casa havia carros como Lamborghini e BMW. Nesta quarta (4), a Polícia Civil esteve na residência e recolheu também uma Mclaren, para investigar se também pertence à família.

Segundo a polícia, o empresário tinha passagem por estelionato e já respondeu a processos por usar nomes falsos. Ele tinha uma empresa de comércio exterior e de aparelhos para som de automóveis. O delegado João Neves Netto, que conduz as investigações, informou que não iria se pronunciar. O caso foi encaminhado à Vara da Infância e da Juventude.

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