Rio Claro antecipou nesta semana a vacinação de gestantes sem comorbidade que estejam com 28 semanas ou mais de gestação. Dessa forma, o município espera proteger mães e recém-nascidos. Estudo publicado recentemente na revista médica JAMA Pediatrics apontou que infecção materna pelo novo coronavírus, sintomática ou assintomática, resulta na produção de anticorpos suficiente para transferência transplacentária de anticorpos para recém-nascidos, e que a vacinação materna pode fazer o mesmo.

“A decisão sobre a vacinação deve ser tomada em conjunto pela gestante e seu médico, sendo obrigatória a apresentação de prescrição médica”, observa Suzi Berbert, diretora de Vigilância em Saúde, da Secretaria de Saúde de Rio Claro.

A expectativa é que a vacinação seja ampliada para gestantes em demais períodos gestacional, o que depende do envio de novas doses da Coronavac/Butantan pelo governo estadual. Lembrando que, caso tenham comorbidade, essas gestantes já podem ser vacinadas.

“Estudos comparando o comportamento da Covid em mulheres no ciclo gravídico puerperal com mulheres não grávidas apontam que gestantes apresentam maior risco de necessitar de internação hospitalar, desenvolver quadros graves com admissão em unidade de terapia intensiva, evoluir com insuficiência respiratória necessitando de ventilação invasiva e, consequentemente, maior risco de óbito”, destaca Karla Damasceno, chefe de divisão de Atenção em Saúde, da Secretaria Municipal de Saúde. Além disso, do ponto de vista obstétrico observou-se maior índice de parto prematuro e parto cirúrgico.

Em Rio Claro, neste ano, de 1 de janeiro a 26 de abril foram registrados na maternidade pública seis casos de gestante com síndrome respiratória aguda grave decorrente da Covid. Todas foram internadas, sendo três em UTI, necessitando de intubação. Uma destas pacientes teve abortamento e posteriormente foi a óbito. As outras três pacientes tiveram parto cesárea prematuro. Na rede de saúde particular houve a notificação de um óbito neonatal por síndrome respiratória aguda grave, sendo que o exame foi positivo para Covid-19.

“Outra informação que chama a atenção é o fato de que, até o momento, 75% das mortes maternas ocorridas no mundo foram registradas no Brasil, conforme aponta o Observatório Obstétrico Brasileiro”, ressalta Karla Damasceno. Dados divulgados pelo Ministério da Saúde apontaram que a Covid foi a principal causa de síndrome respiratória aguda grave em grávidas no terceiro trimestre, e que é potencializada quando comorbidades como hipertensão arterial, diabetes ou obesidade estão associadas.

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