Ednéia Silva
Os agentes penitenciários dos presídios paulistas estão em greve há mais de uma semana. A categoria reivindica reajuste salarial de 20,64% mais 5% de aumento real, mudanças nas promoções, além de criticar a superlotação dos presídios.
O Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional do Estado de São Paulo (Sinfuspesp) estima que a greve atinge 117 das 158 unidades prisionais no estado. De acordo com José Edgar, coordenador da regional sindical de Campinas, somente estão funcionando os serviços essenciais, como alimentação, saúde e banho de sol dos detentos. O sindicato estima que estejam paralisados cerca de 2.500 agentes na região.
Os presos não estão sendo escoltados para o Fórum, nem sendo recebidos nas prisões. Segundo ele, somente no complexo penitenciário de Hortolândia, 30 presos deixaram de ir ao Fórum e dez não foram recebidos. Edgar destaca que a unidade também está superlotada. Tem capacidade para 4.960 presos, mas abriga 10.890.
Nessa terça (18) representantes das entidades sindicais participaram de reunião com o governador Geraldo Alckmin para discutir a greve. Porém, segundo Edgar, o governo não apresentou nenhuma proposta. Apenas disse que não irá negociar enquanto a categoria não encerrar a paralisação. Enquanto a reunião acontecia, agentes de segurança penitenciária faziam manifestação do lado de fora do Palácio dos Bandeirantes.
Após a reunião, a diretoria do Sinfuspesp se reuniu para definir o que será feito: se termina a greve para retomada de negociação ou continua o movimento. A decisão será repassada às regionais para que seja votada em assembleia.
A paralisação dos agentes também atinge as duas penitenciárias de Itirapina. O sindicato não tem índices de adesão, mas informa que a greve afeta a Penitenciária I Dr. Antônio de Queiroz Filho, a Penitenciária II João Batista de Arruda Sampaio e o Centro de Ressocialização Dr Luis Gonzaga da Arruda Campos.
A exemplo do que acontece em outra penitenciárias, a PI e a PII também estão superlotadas. De acordo com o sindicato, a unidade I pode abrigar 210 homens e tem 679 e a unidade II tem capacidade para receber 1.212 presos, mas tem 2.458.
A Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) informou que a greve atinge 88 das 158 unidades prisionais do Estado e que as visitas ocorreram normalmente durante o fim de semana. A pasta disse que mantém o diálogo aberto e que o descumprimento à liminar poderá ser punido. No último dia 13, a SAP conseguiu liminar na Justiça que proíbe que os grevistas de impedir o transporte de detentos para audiências e julgamento e a transferência de presos.