Ex-funcionário da Gurgel, Nilson Roberto Chaves relembra que a produção de veículos elétricos foi uma decisão frente à crise mundial do petróleo e por questões ambientais

Adriel Arvolea

Fundada em 1969 na cidade de São Paulo, a Gurgel S.A. Indústria e Comércio de Veículos transferiu suas instalações para Rio Claro no ano de 1975, às margens da rodovia Washington Luís, atendendo a um esquema de interiorização industrial proposto pela ação governamental e visando à expansão da empresa.

Fundada pelo engenheiro João Augusto Conrado do Amaral Gurgel, a marca produzia veículos movidos a álcool, gasolina e, finalmente, elétricos. Com 13 mil metros quadrados de área construída, fabricava, aproximadamente, 160 veículos por mês, contando com cerca de 300 funcionários diretos e mais de mil indiretos.

Ex-funcionário da Gurgel, Nilson Roberto Chaves relembra que a produção de veículos elétricos foi uma decisão frente à crise mundial do petróleo e por questões ambientais
Ex-funcionário da Gurgel, Nilson Roberto Chaves relembra que a produção de veículos elétricos foi uma decisão frente à crise mundial do petróleo e por questões ambientais

Mas, por que produzir um carro elétrico? Ex-funcionário da Gurgel, Nilson Roberto Chaves relembra que foi uma decisão frente à crise mundial do petróleo. “Gurgel era um homem visionário. Acreditava que o carro elétrico era uma das soluções válidas para colaborar com o governo na luta contra o desequilíbrio da balança de pagamentos e a poluição sonora e ambiental”, comenta Chaves.

O técnico em eletromecânica aposentado trabalhou na empresa de setembro de 1982 até novembro de 1990. Era assistente técnico do departamento de Veículos Elétricos. A ele competia capacitar os compradores para o correto uso do veículo. “Agendava diretamente com o comprador a semana de curso que ministraria. O objetivo era fornecer dados técnicos para o perfeito manuseio do carro elétrico”, explica.

O modelo elétrico era da linha Itaipu E-400, que tinha autonomia de 80 quilômetros e atingia 70 km/h. “Muitos ultrapassavam o limite de velocidade ou excediam a autonomia do veículo. Daí, surgiam os problemas. Por isso, a necessidade da capacitação”, reforça Chaves.

O veículo elétrico funcionava alimentado por oito baterias de 12 volts, que pesavam de 400 kg e consumiam, em média, 0,350 kWh/km, ou seja, rodavam 2,856 km/kWh. Para o abastecimento, o veículo vinha acompanhado de um carregador portátil que podia ser ligado a uma tomada de 50 A, com fiação adequada.

No entanto, o sonho da fábrica de automóveis 100% brasileira da história ruiu em 1996, com sua falência. Em 27 anos de funcionamento, a empresa fabricou 40 mil unidades. No caso dos elétricos – pick-up, furgão e passageiro, a Cesp foi uma das principais clientes.

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