Atrito em público expõe desalinhamento político no atual governo de Rio Claro
O principal fato nos bastidores do poder na última semana foi o desalinhamento político entre o prefeito Gustavo Perissinotto e seu vice-prefeito, Rogério Guedes, que entraram em desacordo público numa tentativa de dar respostas à população quanto às ações de segurança nas escolas de Rio Claro. A falta de comunicação interna – e até mesmo vontade de articulação – entre ambos foi exposta para além das paredes do Paço Municipal e corroeu mais um pouco a imagem política da atual administração.
Dentro de algumas secretarias municipais, como de Segurança – onde Rogério ocupa o cargo máximo – entre outras, como do Desenvolvimento Social e Agricultura, onde estão seus indicados, não caiu muito bem a crítica que Gustavo fez às iniciativas do vice-prefeito. Por outro lado, na maior parte das demais pastas, aí sim comandadas pelo prefeito e sua base (verdadeiramente) governista, foi um ‘acalanto’ o seu posicionamento frente às ações anunciadas por Rogério sem ter consultado o chefe do Poder Executivo.
O atrito público tornou por fomentar a guerra fria que existe na administração municipal desde o dia 1º de janeiro de 2021. Ou melhor, desde 16 de novembro de 2020, dia seguinte à vitória da chapa de Gustavo e Rogério. Por mais que em diversas vezes ambos passem pano para as histórias de que são desalinhados, dessa vez ambos expuseram que há sim esse racha dentro da Prefeitura de Rio Claro. Só não se esperava que ambos iriam corroer a própria imagem a um ano e meio da próxima eleição.
Associada a essa ‘torta de climão’ servida a muitos pedaços, está a corrida pela Bússola de Ouro. Conforme a Farol JC repercutiu ao longo dos últimos dias, há grande preocupação dentro da atual administração pela descoberta, afinal, de quem ficará no comando do Partido Liberal, o PL. Até semanas atrás, Rogério era o vice-presidente da sigla em nível local, mas o órgão partidário foi desativado com o fim da sua vigência. Nos bastidores, porém, foi grande (e ainda é) a tentativa de articulação para se tomar o partido.
Alguns membros do alto escalão da gestão já foram informados de que – tudo leva a crer – o vice-prefeito vai sim ser o novo presidente do PL Rio Claro, jogando para escanteio Alcir Russo, então titular da nominata e apoiador de Gustavo Perissinotto. Se isso acontecer, será questão de tempo para uma nova tratativa começar a ser disputada: os concorrentes do atual prefeito nas eleições de 2024.
Os ombros-amigos do ex-secretário do ex-prefeito Du Altimari apostam que Rogério Guedes vai se lançar candidato a prefeito. Considerando a força do PL em nível nacional e estadual, não é de se duvidar. O partido do ex-presidente Jair Bolsonaro deve fortalecer os diretórios municipais para conquistar as prefeituras. É um plano ambicioso, que pode ter contornos problemáticos para Gustavo, já que o PP (Partido Progressistas) e o Republicanos – hoje na sua base governista na Câmara Municipal – são considerados aliados para esse fortalecimento do PL e devem se unir no pleito em várias cidades brasileiras no próximo ano.
Ou seja, coloque na mesa do jogo: Rogério sendo candidato a prefeito pelo PL pode vir a ter apoio de bloco de partidos que hoje andam com Gustavo. Como ficará isso, ainda não se sabe. Também, por enquanto, tudo é na base da suposição, mas que dentro dos gabinetes do Paço Municipal já é considerada confirmação. Para além disso, dentro do Poder Legislativo, já se fala num início de debandada de vereadores da base governista – não propriamente para apoiar Rogério.
A verdade é que Gustavo precisará alinhar expectativa com possível realidade. Entre as alternativas para continuar no Poder Executivo está a manutenção do apoio (risos) de Rogério como seu vice num repeteco da chapa ou encontrar forças políticas que o façam ser reeleito com outro nome para ocupar o espaço que será deixado pelo ex-vereador da família Guedes. Ainda dentro disso tudo, há o nome do ex-deputado estadual Aldo Demarchi circulando por aí.