Laura Tesseti
Jardineiro há 11 anos na Praça da Liberdade, localizada em frente ao Fórum de Rio Claro, Djalma Cerino, de 52 anos, conhecido carinhosamente como Didi, vive com a expectativa de um dia conseguir alguma notícia sobre sua mãe e também sobre outros membros da família.
Nascido em Nova Venécia, no Espírito Santo, Seu Djalma foi com o pai para Minas Gerais ainda muito pequeno e diz não se lembrar da mãe. “Morava só com o meu pai, não me lembro da minha mãe, nos mudamos quando eu era muito pequeno, então não sei o que aconteceu com ela”, conta.
O jardineiro mudou-se para o Estado de São Paulo junto do pai biológico com apenas cinco anos de idade. “Sei que morávamos num sítio e íamos para a cidade de Piracicaba, para que meu pai pudesse ir à igreja. Mas eu sempre preferi ficar andando e conhecendo os lugares, gostava muito de fazer isso”, relembra.
O pai, nem um pouco satisfeito com o hábito do filho, sempre reclamava. Até que um dia uma família da cidade ofereceu-lhe abrigo e disse que cuidaria dele. “Então meu pai me deu para que eles me criassem e logo nos mudamos para Corumbataí e depois para Rio Claro”, fala.
A vida com a nova família não foi muito fácil. “Eu não era muito bem tratado por eles. Então quando fiz 14 anos, já aqui em Rio Claro, saí de casa e fui morar na rua. Dormia em casas abandonadas e muita gente me ajudava, pois viam que eu não era bandido, estava só tentando encontrar um rumo na minha vida. Conseguia fazer bicos, tudo para poder me virar e muita gente me ajudou.”
O pai biológico de Seu Djalma já é falecido. “Sou sozinho e meu maior sonho é ter alguma informação sobre minha mãe, não sei nem o que eu faria se tivesse a oportunidade de conhecê-la. Posso ter irmãos também. Passo Natal, Dia das Mães sem saber se ainda tenho alguém da minha família, torço para que eu consiga alguma coisa”.
Didi é facilmente encontrado cuidando da Praça da Liberdade e algum contato também pode ser feito pelo telefone (19) 9-9658-8014. “Muitas pessoas que vivem com suas famílias não dão o devido valor, devemos amar nossos pais”, finalizou o jardineiro, emocionado.