Folhapress
O empresário bolsonarista Luciano Hang defendeu o uso da Lei Rouanet em uma série de tuítes publicados nesta segunda (6). Através das Lojas Havan, ele já investiu mais de R$ 24 milhões em projetos culturais pela lei de incentivo à cultura, em valor que representa mais de 270 doações.
Hang ajudou a financiar duas das quatro temporadas apresentadas até hoje do musical Bem Sertanejo. No total, a Havan investiu R$ 800 mil no projeto, estrelado por Michel Teló e que teve entre os convidados os cantores Zé Neto e Cristiano e Gusttavo Lima.
Tanto Gusttavo Lima quanto Zé Neto estão no centro da polêmica sobre cachês milionários pagos por prefeituras de cidades espalhadas pelo Brasil a artistas sertanejos, conhecida nas redes sociais como “CPI do sertanejo”. As discussões vieram à tona depois que Zé Neto criticou uma tatuagem íntima de Anitta e disse que os sertanejos não dependem de Lei Rouanet -isto é, de dinheiro público- em um show pago pela prefeitura de Sorriso, cidade há 400 quilômetros de Cuiabá, no Mato Grosso.
Parte do dinheiro gasto por Hang, como é regra no caso de projetos aprovados pela Lei Rouanet, é abatido do Imposto de Renda de sua empresa. A Havan patrocinou o musical sertanejo pela primeira vez em 2016, com um aporte de R$ 300 mil, e depois na terceira temporada da produção, injetando dessa vez R$ 500 mil.
O musical Bem Sertanejo, inspirado no quadro apresentado por Teló no “Fantástico”, da Globo, e nos álbuns e livro de mesmo nome lançados pelo cantor, captou mais de R$ 28 milhões em quatro temporadas. Uma quinta temporada estreia em São Paulo entre os próximos dias 26 de agosto e 25 de setembro.
As críticas à Lei Rouanet são uma bandeira histórica de Jair Bolsonaro, do PL, de quem Luciano Hang é apoiador. O presidente, que tem uma ligação próxima com cantores sertanejos, disse recentemente em entrevista ao apresentador Ratinho que seu governo prioriza artistas em início de carreira e “o sertanejo mais humilde” na hora de distribuir verba pública pela Lei Rouanet.
No entanto, em publicação no Twitter, o empresário dono da Havan disse que nunca foi contra a lei de incentivo à cultura, afirmando que “só no ano passado, distribuímos através de incentivos federais e estaduais, mais de R$ 8,3 milhões para 77 projetos”.
“Narrativas da velha mídia para tentar jogar na vala comum os artistas sertanejos. Parte da imprensa quer prejudicar aqueles que se posicionam a favor do presidente”, ele escreveu. “As palavras que vi na velha mídia foram: usou, colocou, investiu dinheiro da Lei Rouanet. Quando, na verdade, deveriam ser palavras com: patrocinou, incentivou, destinou. Invertem os significados para construírem uma narrativa. Nunca fui contra a lei, mas acontece é que antes ela beneficiava, de forma desproporcional, apenas os ‘amigos do rei’.”
Segundo ele, a Havan patrocina projetos culturais há 15 anos. “Toda empresa pagadora de impostos, pode fazer o mesmo, de maneira facultativa e eu sempre apoiei. Mas, me pergunto, por que estão massacrando os artistas sertanejos?”, ele escreveu.