Na última semana completou um ano de um fato que marcou a cidade de Rio Claro e ganhou repercussão nacional. No dia 30 de junho de 2021 uma explosão dentro de um posto de combustíveis (Auto Posto Confiante 4) levou os rio-clarenses a uma corrente de solidariedade e oração pelas vítimas e profissionais que atuaram na ocorrência a favor da vida. Nesta reportagem, o Jornal Cidade entrevistou dois grandes personagens que vivenciaram de perto a tragédia que ecoou pelo município.
Corrida contra o tempo
“Na data de 30 de junho do ano passado, eu estava iniciando meu período de férias quando ainda era o Tenente Comandante da Estação de Bombeiros de Rio Claro. Por volta das 18h30 quando estava em casa, na Vila Alemã, ouvi duas fortes explosões e vi um grande clarão vindo do lado oeste da cidade. Foi algo que chamou muito minha atenção, pois o estrondo foi muito forte. Após alguns minutos, simultaneamente, alguém lançou no grupo do WhatsApp do quartel que havia tido uma explosão no Posto Confiante e estava tudo em chamas e logo escutei as viaturas dos bombeiros prosseguindo para o local. Peguei meu rádio portátil e comecei a me comunicar com o Subtenente Fuzatto que era o comandante da Prontidão do dia, e já me dirigi ao quartel para me equipar e seguir para o local. Engraçado é que devido ao tamanho do estrondo, praticamente todos os bombeiros fizeram o mesmo. No dia estávamos com sete bombeiros de serviço e, de repente, no local, havia mais de 30 bombeiros. Todos que estavam de folga foram apoiar. Montamos o Posto de Comando e começamos a aplicar a doutrina do SCI, Sistema de Comando de Incidente, organizando equipes de bombeiros, SAMU, PM, PM Rodoviária, Defesa Civil, Guarda Municipal, montando equipes de buscas, equipes de combate a incêndio, equipes de atendimento às vítimas, segurança das instalações, fluidez do trânsito na rodovia, pois num primeiro momento tudo estava um caos total. Em minutos, a ocorrência estava sob controle. Apesar da gravidade da explosão e só cenário devastado, o número de vítimas foi aquém do esperado, pois as pessoas tiveram tempo de ver o caminhão em chamas e deixaram o local rapidamente. Infelizmente um caminhoneiro que tentava ajudar não teve a mesma sorte e acabou tendo sua vida ceifada. Ele foi retirado pela equipe da Unidade de Resgate, comandada pelo Cabo Igor, debaixo de um caminhão em chamas. Foi socorrido com vida, mas não resistiu. Isso posto, digo sem sombra de dúvida que nessa ocorrência, nesse cenário, as forças de segurança de Rio Claro mostraram o seu poder de reação, técnica, entrosamento das equipes e dinamismo, porque essa união já vinha sendo trabalhada em diversos simulados realizados no município, e ficou claro para todos que órgãos que ali participaram, até mesmo os apoios que vieram de municípios vizinhos, o poder de atuação demonstrado nessa ocorrência. Por volta das 22h, cerca de 3 horas do início da tragédia, já tínhamos total controle do ambiente, todas as vítimas já haviam sido socorridas, todos os focos de incêndio já haviam sido controlados, a imprensa já estava na cena recebendo as informações e o local estava em segurança” – informou o capitão Giovani, do Corpo de Bombeiros.
Viúva de vítima fatal fala da dor da perda
“Até hoje, um ano depois, nunca ninguém me procurou para saber como eu estava, se eu estava precisando de alguma coisa. Não recebi um telefonema, uma mensagem dos responsáveis se importando como eu iria fazer daquele momento em diante. Quando meu marido morreu eu estava grávida e agora o nosso filho tem sete meses e ele nunca vai saber o que é conviver com o pai. Meu filho ficou sem o pai e eu sem a minha metade. Nossa família se dilacerou desde aquele dia. Ele era a minha base, meu companheiro, meu tudo. Trabalhávamos juntos e de repente tudo de desfez. É um sentimento de injustiça, de dor. Jovino tinha um coração que não cabia nele” – Márcia.