JOELMIR TAVARES
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Em pronunciamento nesta quarta (10), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chamou Bolsonaro de “fanfarrão” e disse a ele “qual é o papel de um presidente da República”, citando a necessidade de avanços econômicos e sociais, em meio à crise da pandemia e desconfiança do mercado sobre sua candidatura em 2022.
O petista ficou com a voz embargada em alguns momentos da fala e disse querer voltar a andar pelo país e conversar com a população sobre os males de Bolsonaro. “Desistir jamais. A palavra desistir não existe no meu dicionário”, afirmou.
Lula disse ainda que quer conversar com a classe política. E deu novo recado. “Não tenham medo de mim, eu sou radical porque quero ir na raiz dos problemas deste país.”
O ex-presidente ainda defendeu a indústria nacional de petróleo, enalteceu a capacidade de produção de combustíveis da Petrobras e reclamou da definição dos preços baseado no mercado internacional.
“Quando a gente descobriu o pré-sal, a Miriam Leitão falava que não ia adiantar nada porque a gente não ia poder explorar. E hoje exploramos. Sabe o que significa? Investimento em pesquisa e tecnologia na Petrobras”, afirmou.
Ao responder a perguntas da imprensa após discurso, Lula afirmou que é cedo para pensar em candidatura do PT e dos partidos de esquerda à eleição de 2022.
“Vai ser bem pra frente que a gente vai discutir”, afirmou.
Lula afirmou ainda que uma ampla aliança para 2022 será possível, mas que é preciso paciência para discuti-la e construi-la nos próximos meses. O petista falou sobre o tema ao enaltecer seu vice de 2003 a 2010, o empresário José Alencar, que era do PL, sigla do centrão.
Ele afirmou que não pode levar a sério as manifestações recentes de clubes militares, mas admitiu sua preocupação com a postagem do general Eduardo Villas Bôas, em 2018, para pressionar o STF (Supremo Tribunal Federal) a mantê-lo preso. “Não é correto um comandante do Exército ter feito isso”.
Em recente livro, o general da reserva disse que a publicação de um tuíte em 2018 para pressionar a corte um dia antes do julgamento que levou à prisão do ex-presidente foi elaborada por ele junto com “integrantes do Alto-Comando” das Forças Armadas.
Lula acabou tendo o pedido negado pelo plenário do Supremo e, no dia 7 de abril, foi preso e levado para Curitiba. Deixou a cadeia 580 dias depois, após o STF derrubar a regra que permitia prisão a partir da condenação em segunda instância.