Renato Caetano é nascido em Rio Claro e morou durante toda sua infância em Ipeúna. É um artista completo e atualmente está em cartaz como cover do personagem Mufasa, no musical O Rei Leão, da Disney, em cartaz em São Paulo
Nascido em Rio Claro e criado em Ipeúna, Renato Caetano, aos 35 anos, é um artista completo, que representa o interior nos diversos de trabalhos de sucesso que realiza. Atualmente é parte do elenco do musical da Disney O Rei Leão e hoje conta um pouco de sua história ao JC.
“Meu nome é Renato Caetano, tenho 35, sou nascido na cidade de Rio Claro, mas me fiz, me criei em Ipeúna e sou artista, com tudo que essa palavra possa significar, se minha ousadia me permitir”, disse.
Formado em Artes Plásticas pela Unesp de Bauru, o artista relata como foi a descoberta desse encantador mundo em sua vida.
“Sempre fui uma criança muito encantada pelas artes, desenhos, filmes, televisão, sempre dentro daquela turma de colégio, o garoto que desenha, sou o caçula de quatro irmãos, tenho um irmão que sempre desenhou, sou filho de pais sitiantes, que se fizeram a partir da migração de fazendas em fazendas no interior de São Paulo e Paraná, um casal interracial, meu pai negro, minha mãe branca”, conta.
E segue. “Meu irmão, Marinaldo Caetano, que é frei, fazia esculturas de argila, isso de alguma maneira me inspirou e me permitiu pensar criativamente. Quando tinha quatro anos, nos mudamos para a ‘cidade grande’ Ipeúna e tudo que eu podia me envolvia, fui para a banda sinfônica, o que me deu uma experiência e conhecimento, sou muito grato por esse período, pois foram esses ensinamentos que me deram uma educação musical muito grande e para o que faço atualmente isso é imprescindível”, explica.
Nascido na Cidade Azul, Renato morou durante sua infância em Ipeúna, juntamente com os pais José Caetano e Nadir Maciel e os irmãos Marcelo, Marinaldo e Silvia e fala com muita gratidão do lugar onde veio.
“Quem mora em Ipeúna faz praticamente tudo em Rio Claro, diversão, compras, amigos. Rio Claro é uma cidade muito do coração, aos 12 anos fui morar por um período aí, estudei na cidade, tenho muitos amigos, pessoas que tenho muito carinho, uma relação muito próxima com a cidade mesmo. Meus primeiros materiais de arte lembro de comprar na cidade, então é bem significativo mesmo, minha mãe atualmente mora em Rio Claro, para mim é uma extensão de onde sempre vivi.”
NOS PALCOS
Quando os atores dos musicais estão nos palcos, eles literalmente brilham, o espetáculo chama a atenção dos presentes e arranca todo tipo de emoção do público e é claro que os profissionais estão ali exatamente para isso, provocar, entregar arte e reflexão dos presentes.
Renato fala um pouco sobre os desafios enfrentados. “Sobre as dificuldades que enfrento para fazer o que faço, eu costumo responder que sempre foi pensar que eu podia ser e fazer o que faço exatamente hoje. Meus pais se fizeram sitiantes, migrando de um lugar para o outro, fazendo da casa do caseiro a nossa casa e eles são pessoas muito simples, humildes, de tudo que tínhamos nunca nos faltou nada, nos criaram todos de uma maneira muito livre, e sempre deram o respaldo necessário para que pudéssemos ser, sonhar. Meus irmãos Marcelo Caetano. Marinaldo, que é Frei e minha irmã Silvia sempre foram grandes inspirações para mim”, conta.
PELO MUNDO
Em seu terceiro ano cursando a universidade, Renato conseguiu uma bolsa de estudos e foi para Portugal seguir aprendendo mais sobre artes.
“Nesta situação tive a oportunidade de visitar alguns países e andando de metrô em Londres vi pela primeira vez os cartazes do Rei Leão, isto foi em 2010 e lembro de parar na escadaria, olhar aquelas imagens de atores negros como reis e tudo isso me pegou muito. E pensei ‘caso esse espetáculo já para o Brasil um dia, que eu consiga fazer um teste’”, conta.
Faculdade concluída, Caetano conheceu a SP Escola de Teatro, gratuita e com um universo infinito de possibilidades. O artista passou pelo processo seletivo e estava na segunda turma formada pela instituição.
“Terminei a faculdade, já pensando em ir para SP estudar teatro e descobri a SP Escola de Teatro, fui da segunda turma, ela é gratuita e tenho um carinho muito grande por todo tempo que passei pelo curso.
Em seu segundo ano na Capital, o ipeunense começou a trabalhar com o Coletivo Teatro de Vertigem, onde aprendeu muito e dividiu o palco com grandes profissionais.
“Quando estava no Vertigem ainda, o Rei Leão veio para cá, decidi fazer audição, paguei uma aula que era o que podia, não passei na primeira vez. Foi então que passei o ano de 2013 fazendo tudo que podia de cursos gratuitos e o que podia pagar, gravando as aulas e as repetindo e prestei a audição no final de 2013 e fui até a final, passando por quatro fazes e me viram como Mufasa, mas pediram para que eu estudasse mais e continuei”, fala.
Renato Caetano estudou durante três anos Teatro Musical o Sesi, passou por todas as disciplinas necessárias e quando terminou, voltou a fazer audições para trabalhos e em 2017 passou para o “Hebe, O Musical”, dirigido por Miguel Falabella e desde então, comenda que virou esta curva e não tem parado mais!
“Os musicais todos foram muito especiais, tive muita sorte, tanto em São Paulo quanto no Rio de Janeiro, que me lapidaram, deram força para seguir e fizeram de fato eu pensar ‘eu sou ator’. Hebe, foi minha estreia nos musicais, Cor Púrpura, um grande sonho fazer parte desse trabalho, Bonnie e Clyde também foi muito especial, Codinome Daniel também”, explica.
REI LEÃO
Ainda sobre o musical do Rei Leão, o artista cita uma frase africana que diz que ‘o tempo não gosta daquilo que se faz sem ele’. Renato usa a citação para explicar como se deu uma entrada no espetáculo.
“Nesse retorno recente do Rei Leão ao Brasil fiz todas as fazes, cheguei até a final e não fui chamado e isso me quebrou muito, em muitos lugares, de sonho, espiritualidade e comecei a entender que era mais um percurso do que um fim. E mesmo não fazendo o musical, ano passado foi o ano que mais trabalhei.
Me reorganizei, fiz Uma Linda Mulher, ensaiava o Codinome Daniel e neste fim de temporada veio o convite mais uma vez para estar na audição de Rei Leão, como cover de Mufasa”, conta.
A emoção toma conta ao falar sobre a conquista, que na verdade segue sendo a uma das composições nos trilhos de sucesso do artista do interior.
“O Rei Leão me proporciona um lugar de busca por ancestralidade que quase não tive acesso, que trata de África, de dialetos, de uma língua, de cores, lugares. Esse Simba que saí, comece o mundo e retorna e isso para mim é a minha história, saí da minha cidade, da minha família e o show me toca em muitos lugares, vai além do espetáculo, poucas pessoas podem entender. E mais do que estar, é de fato retomar minha própria narrativa, eu precisava contar isso, é o fechamento de um novo ciclo, para abertura de um novo, tenho fé e respaldo sobre a minha caminhada que faz com que eu olhe para o passado, dando conta do presente com vistas no futuro”, finaliza o artista.