Jornal Cidade trouxe ampla reportagem, três décadas atrás, sobre o resultado do plebiscito sobre o sistema e forma de governo no Brasil. Resultado em Rio Claro foi diferente do nacional, já que aqui se sobressaiu pedido por parlamentarismo republicano
Ao longo de quase nove décadas de história, o Jornal Cidade sempre abriu amplo espaço para as discussões políticas. Uma delas marcou o ano de 1993, há exatos 30 anos. Naquele ano, foi realizado em todo o País um plebiscito para que a população optasse pelo sistema e pela forma de condução política no Brasil, entre monarquia ou república e parlamentarismo ou presidencialismo. Na época, a principal manchete do JC foi sobre o tema: “Rio-clarenses preferem o parlamentarismo republicano”, seguido de “contrariando o resultado nacional, os rio-clarenses revelaram que preferem mudanças”.
A reportagem buscou no Arquivo Público e Histórico de Rio Claro para este aniversário de 89 anos do JC a edição de nº 18.591 do Jornal Cidade para revisitar o assunto. Dos 77.390 eleitores que compareceram às urnas, grande parte, cerca de 32.485 pessoas, optou pelo sistema de governo parlamentarista, em contraponto ao presidencialismo, que recebeu 27.608 votos. Quanto à forma de governo, entre república e monarquia, prevaleceu no município a primeira com 44.770 votos. A monarquia recebeu apenas 13.953 apoios de eleitores.
Conforme a matéria publicada pelo JC há três décadas, os dados oficiais dos cartórios eleitorais de Rio Claro mostraram que o que também chamou a atenção é uma questão que até hoje, nas eleições do município, acontece: o alto número de votos nulos (25.546 eleitores) e em branco (9.418), repetindo, aí sim, o resto do País, que também “rejeitou” o plebiscito de forma geral.
Um destaque da reportagem mostrou que, durante o plebiscito, a agência dos Correios ficou lotada de munícipes para comprar a justificativa eleitoral, com 6.877 vendas. Na época, a ausência na votação poderia ser justificada através da compra do documento para serem enviados à Justiça Eleitoral. Na agência do Centro foram vendidas 4.159 justificativas, na agência da Avenida 32 (Lago Azul) 1.364 e na do Cervezão outras 1.354.
A publicação também trouxe dados do resultado da votação na microrregião, demonstrando a abrangência do Jornal Cidade nos demais municípios próximos a Rio Claro. Em Analândia, venceram a república com presidencialismo, mesmo resultado de Itirapina, Santa Gertrudes, Corumbataí e Ipeúna.
Nacional – Segundo a Justiça Eleitoral, de um universo de 90.256.461 eleitores na época, compareceram às urnas 66.209.385 (73,36%), sendo que 551.043 votaram em trânsito na ocasião. A República foi escolhida por 43.881.747 (66,28%) eleitores, sendo que a Monarquia recebeu 6.790.751 (10,26%) votos.
Votaram em branco neste item 6.813.179 (10,29%) eleitores, e 8.741.289 (13,20%) anularam o voto. Já 36.685.630 (55,41%) eleitores optaram pelo sistema presidencialista de governo, e 16.415.585 (24,79%) pelo parlamentarista. Votaram em branco neste item 3.193.763 (4,82%) eleitores, e 9.712.913 (14,67%) votaram nulo.
O plebiscito foi determinado pelo Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) da Constituição Federal de 1988. A consulta popular estava marcada originalmente para ocorrer no dia 7 de setembro de 1993, mas foi antecipada para 21 de abril de 1993.