Todo mundo sente saudade. Seja de uma pessoa que não está mais aqui, de um amigo que mora longe, da comida da vovó, de um animal de estimação, de uma época que passou. E os especialistas explicam que é bom sentir saudade, pois é sinal de que coisas boas foram vividas.
“A saudade é um sentimento, sentimos falta de tudo que fez parte da vida da gente e muitas vezes de nós mesmos, pois muitas pessoas sentem saudade de quem já foram. A saudade é um sentimento muito forte, que todo ser humano tem e cada um vai trabalhar isso de uma maneira. A importância de sentir é de se conectar com tudo aquilo que foi bom para você”, explica a psicóloga Maristela Ferreira Antonio.
A profissional explica ainda que é possível sentir diferentes tipos de saudade e que o importante é se reconectar de uma forma positiva ao que se viveu, trazendo pensamentos bons, de alegria.
E é dessa forma que Eduardo Sócrates e Lia Teresinha de Mello Bergamaschi enfrentam a partida do filho César Augusto Bergamaschi, que faleceu em 2020, aos 43 anos, vítima da Covid e atuava na linha de frente do combate à pandemia no Pronto Atendimento do Cervezão de Rio Claro.
“A saudade, eu me sinto muito feliz por sentir, pois eu sei que saudade é o amor que fica. Só sente saudade quem ama e só deixa saudade quem amou”, fala Sócrates.
Lia comenta que costuma ter altos e baixos, mas que já vinha fazendo terapia mesmo antes da morte do filho e isso foi de grande importância.
“Eu tenho a foto dele no meu quarto, eu converso muito com o César, quando estou em crise, converso chorando e, quando estou bem, converso sorrindo, mas ele está sempre presente”, relata a mãe.
Beatriz Ferreira de Souza Moura também possui uma força que ilumina e enfrenta a saudade sendo grata e ajudando quem precisa. Bia, como é conhecida, perdeu o filho Rodrigo Ferreira de Mello, que tinha 26 anos, em um acidente de moto há 13 anos.
“O que eu sinto é gratidão pelos 26 anos que pudemos viver com o Rodrigo, todo o tempo que ele passou aqui, ele só nos deu coisas boas, nos deu alegria, a minha neta. Enfrento a saudade tentando ajudar as pessoas, principalmente jovens, e acredito que são todos encaminhados a mim pelo Rodrigo. Faço parte da Igreja Messiânica e temos um grupo de mães que perderam seus filhos e buscamos sempre nos ajudar umas às outras”, conta.
Bia também administra a saudade que sente do filho Luís Alberto, de 41 anos, que há cinco mora com a família nos Estados Unidos.
“Estive lá há algum tempo e logo vou voltar para ficar mais tempo com eles, meu filho, a esposa e meus netos, a saudade é grande”, fala.
Tânia Maria Vitte Nardi sente saudade da filha Mariana, que também mora longe, mas no Rio de Janeiro.
“Ela já havia saído para estudar na faculdade e fazíamos visitas, mas depois ela voltou para Santa Gertrudes, onde montou o consultório de naturologia, hoje ela vive no Rio de Janeiro, com o marido, nos falamos sempre, mas a saudade é grande”, conta a moradora da cidade vizinha.
A mãe de Tânia sofre do Mal de Alzheimer e a filha comenta que a saudade que sente do que vivia com a mãe também é muito grande.
“Eu tenho minha mãe perto, o toque, o cheiro, mas com a doença, ela não se recorda mais de quem somos, sempre fomos muito companheiras e sinto saudade de tudo que passávamos juntas também, é uma forma diferente de sentir”, finaliza.