Cinema e Realidade
Por Jaime Leitão
Nunca estivemos tão na fronteira entre ficção e realidade como agora. O metaverso é um exemplo dessa mistura estranha que nós não sabemos aonde vai dar.
Mais de cinco décadas atrás, o cineasta Arnaldo Jabor trouxe para as telas o homem e a mulher comuns falando de seus planos, sonhos, desencantos, no documentário “A Opinião Pública”. Começava ali uma forma de fazer cinema despojada, com pouquíssimos recursos, com uma nova linguagem, influenciada pela nouvelle vague francesa, com filmes dirigidos a partir de cenas de rua, som direto e uma câmera na mão, tendo em Jean Luc Godard o nome mais icônico desse cinema que despontava.
Arnaldo Jabor, que nos deixou há poucos dias, tem uma obra cinematográfica portentosa. Entre os seus filmes merecem especial destaque “Toda Nudez Será Castigada”, baseado em peça do dramaturgo Nelson Rodrigues, “Tudo Bem” e “Eu.te amo”.
Do cinema Jabor foi para a televisão, onde diariamente fazia comentários contundentes, sarcásticos, diretos da nossa realidade e das mazelas da tragicômica política brasileira.
Também publicou livros com crônicas com temas os mais variados.
Agora fico sabendo da morte de outro cineasta brasileiro, que trouxe para as telas a realidade dura do imigrante nordestino: Geraldo Sarno.
Ligo a televisão e vejo assombrado o clima de guerra entre Rússia e Ucrânia.
É cinema? É ficção? Infelizmente é realidade.