João Batista Grandel é uma referência na região quando se trata de restaurar carros antigos. Por quatro décadas ele mantém uma oficina localizada no tranquilo bairro do Estádio, onde ele dá cara nova às ‘latas velhas’. E diariamente.
O Showcar passou por lá essa semana para acompanhar a rotina de Seu João, de 59 anos, e do filho, Fabio Vitte Grandel, de 27 – que seguiu os mesmos passos do pai. A oficina é tão famosa pela qualidade na restauração, que possui até fila de espera. Mas, para contarmos a história desde o começo, é preciso voltar um pouquinho no tempo.
O prazer de montar e desmontar os componentes dos veículos começou quando o funileiro e empresário ainda era criança. “Sempre fui apaixonado por carro e peguei uma época de ouro da indústria automobilística. Ao longo da vida, tive muitos carros que fizeram história. E, hoje, poder recuperar parte disso restaurando alguns modelos é muito gratificante”, diz ele ao JC.
O negócio começou no ano de 1982 e de lá para cá, segundo eles, muitos modelos que marcaram época passaram pelas mãos dos profissionais. Como os da década de 1940, 1950. Carros, inclusive, com pouquíssimas unidades no Brasil. Alguns modelos de DKW bem raros, por exemplo. Se orgulham e muito de terem montado uma réplica de Shelby Cobra – considerado um dos exemplares mais importantes do mundo.
“Tudo aqui é agendado. Saem três e entram seis. Graças a Deus. E a gente fica contente por gostar demais desse serviço minucioso”. Para seu João, o processo todo requer muita paciência, já que pode levar meses e meses para ser finalizado. E, para garantir um serviço de excelência, não se pode ter pressa.
Sobre ter o filho, ali, todos os dias ao seu lado, ela fala que é uma grande honra. “Muito satisfatório. Desde pequeno já andava por aqui e começou a pegar gosto pela coisa. Hoje, exerce o trabalho com muita dedicação e carinho, o que me deixa muito orgulhoso”.
‘Filho de peixe…’
O jovem Fabio se recorda facilmente da infância ao lado do seu maior ídolo. Na própria oficina, cenário onde sempre foi visto correndo e se sujando de graxa. Não deu outra. Quando completou 18 anos, foi contratado oficialmente e hoje também é sócio do negócio.
“Às vezes passava o dia com ele na oficina e ficava encantado olhando os carros, os modelos que mais gostava eu fazia questão de entrar neles e imaginar que estava dirigindo estrada a fora. Hoje o sonho de criança se tornou realidade!”.
Para ele, ter um professor em casa é ótimo. Ele diz ser um grande observador pela forma como como seu ídolo manuseia cada ferramenta. “É muito gratificante. Ele não alivia em nada pelo fato de ser o meu pai. Muito pelo contrário. Me chama atenção, me mostra o melhor caminho todos os dias. E também é isso que quero passar adiante”.
Na garagem e no coração
Entre os muitos exemplares em que já trabalharam, pai e filho restauraram um VW Fusca, 1973, vermelho. O trabalho envolveu a funilaria, pintura, parte elétrica, mecânica e tapeçaria. O projeto levou um ano e seis meses para ficar pronto.
“Temos ele desde 2015. Meu pai passou ele pra mim e em 2020, no início da pandemia da covid-19, resolvemos parar ele e restaurar inteiro. Foi um projeto de família que ficará para sempre em nossos corações”.
Assim fizeram, também, com uma VW Kombi furgão, 1983, branca. Ela foi comprada no mesmo período do besouro e desde então continua em processo de restauração, que deverá ser concluído ainda este ano.
“Quando compramos ela era uma Kombi a diesel, e substituímos toda a mecânica por um motor AP a álcool. Ela será toda personalizada com peças e acessórios modernos, mas sem perder a essência de ser uma Kombi”, detalha.
Assim seguem, pai e filho, se encantando com cada modelo restaurado, como se fosse o primeiro de suas vidas.