Vivian Guilherme
Ao passar em frente à casa da professora Inês Bertanha de Camargo, de 85 anos, é difícil imaginar o maravilhoso mundo que se apresenta ali dentro. Para qualquer apaixonado por Natal, a casa é um verdadeiro paraíso: são cerca de dez cômodos envolvidos por toda a magia natalina.
Árvores de Natal, presépios, bolas, guirlandas e, principalmente, muitos e muitos papais-noéis. Inês nem se lembra de ter contado quantos, mas o número deve chegar aos quatro mil exemplares do Bom Velhinho. São tipos em plástico, gesso, pelúcia, feltro, porcelana, sem contar as canecas, meias, sapatinhos, roupas, gravatas, pratos, copos, utensílios domésticos diversos e tantos outros itens.
São cerca de 30 anos “fazendo bobagem”, como costuma dizer Inês. “Meu marido faleceu há trinta anos e está lá me esperando, enquanto isso eu fiquei aqui, juntando Papai Noel. Não tenho o que fazer, então fico fazendo bobagem, comprando Papai Noel”, revelou a professora que atuou por cerca de três décadas como professora de português e francês na Escola Joaquim Ribeiro.
Sobre o motivo de ter escolhido o Papai Noel, Inês diz não haver nenhum motivo específico. “Eu comprei um para colocar na parede e achei que era pouco, comprei outro e outro. Cada vez que saía via um mais bonito e ia comprando para me distrair. No começo eu fazia crochê, no fim tinha tanto e ninguém mais queria. Fiz uns cem tapetes também, hoje já não faço mais, porque minhas mãos não ajudam, agora só fico lendo a Bíblia. Nem vou mais à igreja porque não consigo mais andar, faço minhas orações aqui.”
A arrumação da casa começa em novembro e são várias semanas até organizar tudo, a desmontagem começa em janeiro. “Tem vez até que falo que não vou guardar mais, vou deixar assim.”
>>> Veja no final desta página um vídeo dos cômodos da casa de d. Inês.
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CORDEIRÓPOLIS
Um símbolo de esperança
A casa da cordeiropolense Silvia Maria Reducino já é ponto de referência na cidade vizinha. Afinal, há pouco mais de dez anos a coleguinha como é chamada no município começou a colecionar um dos símbolos do Natal: o Papai Noel. Hoje, a coleção conta com mais de 400 exemplares do Bom Velhinho, que vão desde o mais tradicional até modelos radicais, como o Papai Noel motoqueiro. Silvia conta que a paixão pelo Natal sempre existiu, desde que era criança. “Vivemos uma infância de luta, e sempre esperávamos a visita do Papai Noel, era como sinal de esperança”, contou.
Questionada sobre qual seu modelo favorito, Silvia disse não ter nenhuma preferência e que gosta de todos da mesma forma. Com tantos itens, o difícil mesmo é armazenar todas as peças nos demais meses do ano. “Guardar é complicado, guardo em dois guarda-roupas, oitenta deles têm caixa própria e os outros eu embalo em sacos plásticos”, explicou a colecionadora, que nem pensa em interromper a coleção tão cedo.
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