Raquel Pena Lima na Espanha, em Barcelona

Após encerrar carreira no Fórum de Rio Claro, Rachel Lima já percorreu vários países, sempre levando sua máquina de costura

Aos 68 anos, a aposentada Rachel Pena Lima vive hoje um sonho que muitas pessoas acalentam, pegar as malas e sair pelo mundo. Nesta semana, quando falou com o JC, Rachel estava na ilha de Pucket, na Tailândia. Mas desde que se aposentou, em 2022, Rachel já passou por vários países. E planeja ainda mais oito anos de viagens pela frente.

A aposentada explica que a fase que vive atualmente foi detalhadamente planejada. “Enquanto ainda trabalhava, fui comprando dólares, conseguindo milhas, estudando roteiros. Assim que me aposentei, vendi casa, carro e moto para levantar fundos. E não viajo como turista, gasto muito pouco, me hospedo em hostels, aproveito promoções, vivo de uma forma mais modesta” explica Rachel.

Rachel curtindo a praia no Havaí

Essa coragem para enfrentar os desafios e chegar aos objetivos é um traço de Rachel há muitos anos. Nascida em Poços de Caldas, veio morar em Rio Claro na juventude, e aqui se casou e teve três filhos. Foi bancária durante anos, mas quando nasceram as crianças, optou por um trabalho que permitisse conviver mais com os filhos. “Vendi pijamas numa barraca no Jardim Público, trabalhei como agente da dengue na prefeitura, depois no Conselho Tutelar. Daí surgiu o tão disputado concurso para escrevente no Fórum, onde eu sabia que teria a chance de juntar recursos para realizar o sonho das minhas viagens” relembra. Foram 3,5 mil candidatos, e Rachel a oitava colocada. Mas ainda faltava uma etapa importante para conquistar o cargo. “Tive que voltar a estudar, cursei Letras no Claretiano, fiz tudo que estava ao meu alcance para chegar lá” relata.

Hoje, Rachel viaja o mundo levando o patrimônio que resguardou, segundo ela “uma mala de roupas e minha inseparável máquina de costura”. O equipamento, portátil, é a forma que a aposentada encontrou para fazer amizades e conhecer novas pessoas a cada parada, oferecendo o serviço de forma voluntária”. E assim vai “costurando” uma rede de amizade e apoio, a ponto de já ter mais de dez mil seguidores nas redes sociais e agora até já se hospedar nas casas de alguns em seus roteiros.

Rachel e sua inseparável máquina de costura

O primeiro destino da viajante foi a Ilha Galinhos, no Rio Grande do Norte. “Comia peixes e frutos do mar todos os dias, ganhava dos pescadores para os quais eu costurava” diverte-se. Depois foi para Gostoso, no mesmo estado, em busca de “um lugar mais movimentado, com veículos, comércio”. Na sequência, foram quatro meses no Havaí, onde vive um dos seus três filhos, André Bortolin. Partiu então para a Flórida, depois um percurso de carro, conhecendo várias cidades, até chegar a Nova Iorque. Foi para o Canadá, dali para a Califórnia. Após os EUA, foi a vez da Europa, Espanha e Portugal, onde mora outro dos seus filhos, o músico Bruno Bortolin. A filha Flávia, por enquanto, segue seus passos na carreira e também é funcionária do Fórum de Rio Claro, onde também está o marido de Rachel, Ademir Bortolin.

Apesar das distâncias, Rachel afirma que nunca se sente só. Além dos contatos frequentes com a família, tem também um grupo de amigos que a visitam onde estiver. “Apareceram na Espanha, e já estamos combinando novos encontros. Além disso, uma das alegrias das viagens é conhecer outras pessoas. Não é só pelos lugares” explica Rachel, que pretende ainda viver pelo mundo por mais oito anos. Em agosto, estará em Rio Claro, para matar as saudades, e de onde partirá na sequência para um roteiro nacional, passando por cinco estados, até embarcar num navio para a Itália. E depois que a fase viajante acabar? “ Vou morar numa fazenda em Minas” planeja Rachel, cidadã do mundo.

Rachel já tem mais de dez mil seguidores nas redes sociais