A Câmara Municipal deve receber nesta semana o projeto de lei que propõe a venda da área do aeroporto municipal, hoje em concessão ao Aeroclube. É o que informa o próprio prefeito Gustavo Perissinotto (PSD), em entrevista à Farol JC. O chefe do Poder Executivo espera que uma sessão extraordinária aconteça nos próximos dias para a primeira votação da proposta, que tem gerado polêmica nas últimas semanas. À coluna, Perissinotto afirma que a venda deverá ocorrer em consonância com listagem de obrigações a serem executadas com os recursos milionários que serão arrecadados com a negociação.
Conforme revelado anteriormente, foram iniciadas tratativas com técnicos da Infraero, que estiveram em Rio Claro, para avaliar a possibilidade de o município abrigar um novo aeroporto regional. A área mais favorável, ficou entendido, é no trecho sentido a Piracicaba, no limite com o pedágio. O relatório de vistoria já está resolvido, inclusive. O próximo passo é a contratação da própria Infraero para a realização de um projeto básico e o Plano Diretor Aeroportuário para um estabelecimento de pequeno para médio porte, podendo crescer a depender da demanda.
O custo para esse novo aeroporto com um porto seco, projeto também do prefeito Gustavo, é estimado em quase R$ 80 milhões. Hoje, a Prefeitura não conta com esse dinheiro em caixa, uma vez que está investindo em outras frentes de trabalho. “Temos R$ 200 milhões de investimento em curso, como a nova Avenida Visconde, a Avenida Integração [que ligará a Avenida 24-A a sentido Batovi), o novo Hospital Público Municipal, o recapeamento, troca por iluminação de LED, etc.”, afirma à coluna.
O prefeito foi a Brasília onde se reuniu com o alto escalão do Ministério de Portos e Aeroportos, sob o comando de Márcio França (ex-governador de SP). O Governo Federal, no entanto, não sinalizou um aporte financeiro neste momento. Nos bastidores fala-se que isso poderia ocorrer caso houvesse mudança partidária envolvendo Gustavo, mas isso não é cogitado. Enfim, sem apoio federal, Perissinotto tentou o Governo Estadual, o qual também não tem interesse neste tipo de prioridade.
“A última fonte de custeio é vender terrenos e o que daria retorno é a venda do antigo campo de aviação. Se vamos ter um novo aeroporto, eles vão se deslocar de lá e aquela área ficará ociosa”, acrescenta. Diante disso, questionado sobre o que de fato será feito com o dinheiro a ser arrecadado, estimado entre R$ 300 milhões e R$ 400 milhões, Gustavo afirma que o projeto de lei irá listar algumas obrigações para o poder público cumprir.
Além da construção do aeroporto e porto seco, o recurso será utilizado para a obra da nova Estação de Tratamento de Água (ETA) 1, no limite com a Feena, estimada em R$ 60 milhões. Também, uma nova ETA 3 na região sul para garantir abastecimento de água para a população nas próximas décadas. Obras de macrodrenagem para resolver ao menos metade dos problemas de enchentes na cidade também são previstas.
“Faremos um investimento num equipamento público, porto e aeroporto, que fará com que cinco anos após sua instalação, em meados de 2028 ou 2030, tenhamos um incremento da nossa receita em cerca de R$ 500 milhões. Vamos investir num modal que faremos com que a cidade fique mais rica. Esse é o grande gatilho. A chance de isso dar certo é 100%, juntamos todos os fatores que vão promover o desenvolvimento”, diz Gustavo.
Quanto ao uso daquele terreno, com quase 330 mil metros quadrados, quando vendido, é abrir parte dele para que a Rua 14 siga até para trás da área, no Jardim Itapuã. Próximo ao Boulevard, deve haver uma ‘esplanada’ com áreas comerciais e parques, além de loteamentos residenciais horizontais ou no máximo com prédios de quatro a seis andares. “O projeto vai condicionar as construções dessas obras e o desenvolvimento de um projeto urbanístico que atenda a essas características”, finaliza.