SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Brasil teve a primeira morte pelo novo coronavírus nesta terça (17) em São Paulo, como adiantado pela coluna da Mônica Bergamo.

Segundo o infectologista David Uip, que coordena o combate ao coronavírus no estado de São Paulo, o paciente é um homem de 62 anos que tinha diabetes e hipertensão. Ele estava internado na UTI do Hospital Sancta Maggiore Paraíso desde o dia 14 e morreu na segunda-feira (16). Ele não tinha histórico de viagem para o exterior.

Uip afirmou que o governo estuda utilizar hospitais apenas para atender pacientes de coronavírus. Segundo ele, há casos de unidades prontas, sem uso, que poderiam incorporar leitos de UTI. “Inicialmente, impactou o sistema privado. É questão de dias, horas para impactar o sistema público”, disse em entrevista coletiva a jornalistas.

Atualmente, a estimativa é que a cada 160 casos do novo coronavírus, cerca de 30 sejam de pacientes em estado grave.

A equipe do governo afirmou ainda que o período de incubação do vírus no estado de São Paulo tem sido mais curto do que o esperado -entre 3 e 8 dias em média, em vez de 14 dias. Os casos têm se agravado entre o 3º e o 7º dia.

Assim como nos casos de gripe e da Sars (síndrome respiratória aguda grave, também causada por um coronavírus), o novo coronavírus costuma vitimar pessoas que tenham moléstias como diabetes (quem tem a doença tem 8,1 vezes o risco de morrer em relação a uma pessoa sem problemas crônicos de saúde), hipertensão (6,7), doenças cardiovasculares (11,7) e doenças respiratórias crônicas (7,0).

Um estudo do Grupo Chinês de Especialistas Médicos para o Tratamento da covid-19 reuniu dados de pacientes atendidos ou internados em 522 hospitais distribuídos por 30 províncias chinesas, durante o mês de janeiro de 2020.

A idade média dos pacientes foi 47 anos, sendo 41,9% do sexo feminino. Os sintomas mais comuns foram febre (44% na admissão e 89% durante a hospitalização) e tosse (68%). Diarreia foi uma manifestação incomum, ocorrendo em apenas 3,8% dos pacientes. A manifestação laboratorial mais comum foi a redução do número de linfócitos (um dos tipos de glóbulos brancos) no sangue.

A necessidade de internação em unidade de tratamento intensivo (5% dos casos), a necessidade de respiração assistida (por instalação de tubo traqueal e ventilação mecânica, em 2,3% dos casos) e a evolução para morte (1,4% dos casos) foram os critérios adotados para definir pacientes com evolução muito grave da doença.

Com base nesses critérios, os autores investigaram quais foram as características clínicas ou doenças pregressas que tiveram maior associação com a evolução grave da doença. A idade superior a 65 anos foi um importante fator de risco, pois metade dos pacientes que evoluíram de forma grave estavam nesta faixa etária.

A dispneia progressiva (sensação de falta de ar com aceleração da frequência respiratória) é a principal manifestação desenvolvida durante a evolução da doença e ocorre em 54% dos pacientes que evoluem de forma grave.

Até esta terça, o Brasil contabilizou mais de 200 pessoas infectadas pelo novo coronavírus. Em todo o mundo, já são mais de 185 mil infectados e 7330 mortes.

No dia 12 de março, foi confirmado em São Paulo o primeiro caso de transmissão sustentada do país. A transmissão sustentada significa que o contágio pode ocorrer mesmo entre pessoas que não viajaram e não tiveram contato com pessoas que viajaram.

Com a mudança na forma de transmissão, o diagnóstico da doença passa a ser realizado por exame clínico e de imagem. Os testes laboratoriais ficam restritos aos casos de internação graves, pesquisa e os atendidos na rede sentinela dos municípios do estado de São Paulo. Para tanto, o governo adquiriu 20 mil desses kits.

No dia seguinte, 13 de março, o Rio de Janeiro confirmou ter dois casos de sustentada. Em entrevista à Rede Globo na segunda, o secretário de saúde do Rio de Janeiro, Edmar Santos, fez uma projeção: mantido esse ritmo, o Estado do Rio poderá chegar a 24 mil casos confirmados em abril.

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