SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O príncipe Harry, 36, comparou sua experiência de ter vivido na família real com um zoológico e com o filme “O Show de Truman” (1998), em entrevista ao podcast Armchair Expert, de Dax Shepard, falando sobre saúde mental.
Harry estará na série The Me You Can’t See (O Eu que Você Não Pode Ver, em português), de Oprah Winfrey, que falará sobre problemas psicológicos que celebridades sofreram, além do príncipe também estarão na série nomes como Lady Gaga e Glenn Close. A estreia é prevista para 21 de maio.
Quando perguntado sobre como era fazer parte de um grupo de pessoas observadas por todo mundo, o príncipe respondeu: “É uma mistura entre ‘O Show de Truman’ e estar em um zoológico”, diz fazendo referência ao filme estrelado por Jim Carrey, que conta a história de um homem que vive dentro de um programa de televisão, sem saber.
“É como se você fizesse parte do elenco de um filme sem perguntar”, sugere Shepard. Harry responde: “O mais difícil para mim, é que ao nascer aí você herda os riscos, você herda todos os elementos, sem a capacidade de tomar decisões.”
“Eu tinha vinte e poucos anos e pensava: ‘Não quero este trabalho, não quero estar aqui, não quero fazer isto’. Olha o que fizeram com minha mãe, como vou me estabelecer, ter uma esposa, uma família, quando sei que vai acontecer de novo”, completou o príncipe.
“Estive por trás das cortinas, vi o modelo de negócios e sei como funcionam as operações. Eu não quero fazer parte disso”. Além disso, ele criticou a mídia britânica e afirmou que foi vítima de “abuso vil e tóxico” de forma online, e afirmou que esse ódio e perseguição só geram “dores não resolvidas.”
Ele conta que depois que sua esposa, Meghan Markle, 39, entrou em sua vida ele conseguiu mudar alguns aspectos e contou com terapia psicológica. “Enfiei a cabeça para fora da areia, dei uma boa sacudida e disse a mim mesmo: ‘Você está em uma posição privilegiada, pare de reclamar e pare de pensar que você quer algo diferente: faça diferente, porque você pode'”, começou.
“Como você vai fazer as coisas de forma diferente, como vai deixar sua mãe orgulhosa e como vai usar esta plataforma para fazer uma mudança real?”, refletiu. Ele ainda contou no podcast que Markle abriu seus olhos para mudar as ideias sobre sua vida e futuro.
“Você pode criar a vida que quiser sem ter que ser um príncipe, pode criar uma vida melhor do que ser um príncipe”, disse a duquesa de Sussex. “Eu sei que as pessoas olham para mim e dizem: ‘Você é um príncipe, você vem de um palácio, onde estão a sua coroa e a sua capa?’ Mas a realidade é que conhecer pessoas de todo o mundo é o que te coloca no contexto”, completa Harry.
O príncipe ainda diz que morar nos Estados Unidos o faz se sentir mais livre. “Estou mais relaxado e Meghan também, podemos caminhar um pouco mais livres. Posso andar com Archie na bicicleta. Nunca tive a oportunidade de fazer isso”, afirma.
Ele relembra de um encontro com Meghan, ainda no início do relacionamento quando os dois pretendiam manter o namoro longe da mídia, feito em um supermercado em Londres. O encontro aconteceu quando a atriz foi visitá-lo pela primeira vez no Reino Unido, e os dois fingiram não se conhecer.
Além da questão da mídia, ele também relembrou sua criação, em especial a que recebeu do Príncipe Charles. “Quando se trata de paternidade, se eu experimentei alguma forma de dor ou sofrimento por causa da dor, ou sofrimento que talvez meus pais sofreram, tenho que certificar de que vou quebrar esse ciclo para não passá-lo adiante.”
“É uma grande quantidade de dor e sofrimento genéticos que são transmitidos de qualquer maneira, então nós, como pais, devemos fazer o máximo que podemos para tentar dizer ‘sabe o que aconteceu comigo, vou garantir que não acontecer com você'”, completa. Para ele, Charles o criou da mesma maneira que foi criado.
O príncipe também comentou sobre a questão da saúde mental e como ela precisa de mais atenção. “Falar abertamente, especialmente agora no mundo de hoje, é um sinal de força e não de fraqueza”, disse ele, que afirmou a saúde mental é saúde pública.
“Acho que dois dos maiores problemas que enfrentamos no mundo de hoje são a crise climática e a saúde mental, e ambas estão intrinsecamente ligadas”, disse.
“Se negligenciarmos nosso bem-estar coletivo, estaremos ferrados, basicamente, porque, se não podemos cuidar de nós mesmos, não podemos cuidar uns dos outros. Se não podemos cuidar uns dos outros, então não podemos cuidar deste planeta que todos habitamos, então tudo faz parte da mesma coisa.”