Rio Claro agora tem uma nova paisagem artística para ser apreciada. Agora, quem passa pelo Distrito Industrial tem mais cor no seu dia a dia.

A novidade chegou ao município em uma parceria entre a Tigre e o projeto Fábrica de Graffiti, que passa por várias cidades com a ideia de levar mais vida para os cinzentos distritos industriais.

“O projeto tem como propósito humanizar os distritos industriais, então a gente trabalha para intervir nesses ambientes cinzentos, sujos, cheios de cartazes e que muitas vezes são vistos como ambientes de passagem que são esquecidos, com muitas pessoas que trabalham, que convivem. O objetivo deste projeto é trazer mais cor, mais arte e mais bem-estar para as pessoas que frequentam esses lugares. É um projeto que nasceu em 2019 e já circulou em várias cidades. Agora fechamos nossa sexta edição em Rio Claro junto à Tigre”, explica Paula Lage, produtora executiva do Fábrica de Graffiti.

A parceria com a Tigre veio através do ICRH (Instituto Carlos Roberto Hansen), braço social da empresa, e foi coordenado por Armando Appel, que cuida dos projetos culturais do instituto: “Selecionamos o Fábrica de Graffiti com a ideia de aproximar as pessoas da arte fazendo essa espécie de exposição ao ar livre com mais de 20 artistas que fizeram esse lindo trabalho que está sendo entregue para a comunidade de Rio Claro”.

Os artistas envolvidos no projeto são selecionados através de uma curadoria, que busca sempre grafiteiros locais e regionais para contribuir com o processo criativo visando causar impactos sociais nas cidades por onde o Fábrica de Graffiti passa.

A produtora exexutiva do projeto explica como é realizada essa seleção: “A cada edição nós realizamos uma curadoria para identificar artistas regionais para criar esse senso de pertencimento. É muito importante que eles participem do projeto para se sentirem representados. Além disso sempre fazemos a curadoria de uma forma que pelo menos metade dos selecionados seja de mulheres”.

Nesta edição, um dos artistas convidados foi Leonardo Patrocínio, mais conhecido como Léo_DCO, que é de Rio Claro e participou com a sua arte em um pedaço dos 3,2 quilômetros quadrados nos quais o projeto deixou uma marca.

“Eu já conhecia o Fábrica de Graffiti de outras edições, através de outros amigos artistas que já haviam participado, então acabei sendo indicado e recebi o convite. Além do mural, fui convidado para participar dos workshops em escolas, que é uma contra partida do projeto. Há tempos não se via um projeto dessa dimensão, então acho que é muito importante, bastante impactante, vai trazer bastante benefício para os artistas locais se inspirarem e também colorir, trazendo vida e arte para ambientes cinzas e esquecidos. É um impacto visual e social”, comenta Léo.

O projeto

A Fábrica de Graffiti é o primeiro projeto brasileiro de arte de rua com foco nos distritos industriais, descentralizando e democratizando o acesso à arte ao atuar longe dos centros urbanos, que recebem a maioria dos projetos culturais do país.

Os artistas convidados para a nova edição da Fábrica de Graffiti são Kelly Reis, Mari Mats, Kari, Carol Murayama, Wira Tini, Soberana Ziza, Auá, Aline Seelig, Ana Kia, Laís da Lama, Afolego, Kueio, Galo, Tinho, Gelin, XGuix, Diógenes, Vespa, Magoo, Ise, Robinho Santana, Tikka Meszaros, Tito Ferrara, JCrepaldi, Paulo Medo, Léo_DCO, Does e DNinja.

Temática

Esta foi a primeira edição em que o Fábrica de Graffiti atuou com uma temática específica, que foi a água, já que o Dia Mundial da Água é na próxima terça-feira (22). “A água é o recurso mais precioso que temos e a maior commodity daqui pra frente. Estamos levantando uma bandeira e um alerta de que esse recurso pode acabar. Embora haja um tema (e essa é a primeira edição que estabelece um tema), damos liberdade criativa para que os grafiteiros o interpretem e expressem como preferirem e trabalhamos exclusivamente com artes autorais. Garantir a liberdade artística é nossa forma de apoiar os artistas e estimular o setor cultural”, comenta Paula Mesquita Lage, fundadora e produtora executiva da Fábrica de Graffiti.

Impacto social

Além de promover bem-estar aos moradores dos distritos industriais ao colocá-los em contato com a arte em seu trajeto pela cidade, a Fábrica de Graffiti realiza ações gratuitas para estimular a cena local da arte de rua. Entre os dias 7 e 19 de março, grafiteiros e arte-educadores do projeto, Gabriel Skap e Tina Soul, estiveram na Escola Estadual Professora Zita Godoy Camargo para ministrar uma programação cultural de de graffiti para 180 alunos, entre adolescentes e jovens adultos. Ao final do curso, os estudantes foram convidados a grafitar um espaço da própria escola.

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