Iniciativa é da Confederação Nacional das Santas Casas e visa a apontar para o descaso do SUS

Favari Filho

Iniciativa é da Confederação Nacional das Santas Casas e visa a apontar para o descaso do SUS
Iniciativa é da Confederação Nacional das Santas Casas e visa a apontar para o descaso do SUS

A assessoria da Santa Casa de Misericórdia de Rio Claro convocou a imprensa local para coletiva na tarde da última segunda-feira (29). Na ocasião o provedor da Irmandade, professor José Carlos Cardoso, reuniu funcionários, usuários do serviço e jornalistas, no hall da entidade, onde apresentou o Movimento Nacional das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos no SUS [Sistema Único de Saúde] e aproveitou para falar um pouco mais sobre a situação das instituições em todo o Brasil e, em especial, na Cidade Azul.

O movimento, explicou Cardoso, é uma iniciativa da Confederação Nacional das Santas Casas, que tem à frente como presidente Edson Rogatti. O lema da campanha, que tem como intuito a mobilização de todos os brasileiros usuários da saúde pública do país, é ‘Acesso à Saúde: Meu direito é um dever do Governo’. O provedor aproveitou para rememorar que os planos de saúde nasceram devido ao déficit do serviço público desde a fundação do SUS e que a má remuneração por parte do sistema às Santas Casas fez com que a população criasse um falso conceito de que o serviço prestado é inferior, o que não é verdade.

Cardoso enfatizou que não há como as Santas Casas continuarem arcando com o débito que resta da falta de pagamento do SUS, ou seja, é preciso aumentar o valor do pagamento, pois a tabela atual do sistema é inferior aos preços dos serviços. “A cada serviço em que gastamos cem reais, o governo paga menos de cinquenta. Dessa forma, trabalhamos sempre em déficit e com dificuldades, por exemplo, de comprar equipamentos, se precisarmos não temos dinheiro.” O provedor informou ainda que no próximo dia 13 uma comitiva vai até o governador reivindicar melhorias e, depois, em 4 de agosto, seguem para Brasília no intuito de sensibilizar tanto o Palácio do Planalto quanto o Ministério da Saúde.

De acordo com o professor José Carlos Cardoso, o governo municipal repassou apenas uma parcela da subvenção deste ano
De acordo com o professor José Carlos Cardoso, o governo municipal repassou apenas uma parcela da subvenção deste ano

O dirigente da entidade rio-clarense aproveitou para apontar outros dois setores importantes para a sociedade e que estão à mercê do descaso no país: a Educação e a Segurança. Com relação à Saúde, Cardoso lembrou que as instituições sempre estiveram de portas abertas para os pacientes, contudo precisam de maior aporte financeiro do governo para que possam continuar a realizar um atendimento de qualidade. “Se de toda a arrecadação do país apenas 10% fosse destinada à saúde, evidentemente teríamos um serviço muito melhor no Brasil”. A Santa Casa de Rio Claro, atualmente, recebe do SUS R$ 1,6 mi/mês, contudo gasta cerca de R$ 700 mil/mês a mais, o que salva, de acordo com o provedor, é o Santa Casa Saúde, mas ainda assim, explica, 80% dos pacientes tratados pela entidade pertencem ao SUS. “A má gestão não está na Santa Casa, hoje quem não consegue ter gestão é o governo”, esclarece.

Com relação à subvenção recebida da prefeitura, Cardoso enfatizou que o governo municipal não está pagando há meses e, de acordo com a planilha disponibilizada para a imprensa, até o momento, a municipalidade repassou apenas R$ 200 mil equivalentes ao mês de janeiro. O restante, R$ 1,8 mi, ainda está em débito. O professor revelou também que em recente reunião o prefeito Du Altimari pediu para que fosse “fazendo o que pode” com a Santa Casa. Embora a entidade de Rio Claro seja a única do país que não acumule dívidas, o provedor disse não querer que a Irmandade caminhe para trás e que o sucesso do atendimento ao público se deve “à comprometida equipe e também aos 2/3 da receita que vêm do convênio Santa Casa Saúde”, finalizou.

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