Edison estuda se lavrará Boletim de Ocorrência contra a Fundação de Saúde. Na foto, o PSMI

Antonio Archangelo

Edison estuda se lavrará Boletim de Ocorrência contra a Fundação de Saúde. Na foto, o PSMI
Edison estuda se lavrará Boletim de Ocorrência contra a Fundação de Saúde. Na foto, o PSMI

O que era para ser um procedimento a fim de evitar a Raiva quase levou Edison Roberto Bindilatti, 52, à morte no final de abril. Ao invés de receber dose do soro antirrábico, ministraram soro contra picada de aranha/escorpião.

De acordo com a vítima, por volta do dia 20 de abril, acabou mordido por um equino em seu sítio. Animal que apresentou, nos dias posteriores, “sintomas de Raiva”. Ao acionar o Zoonoses, o animal foi sacrificado e, após testes, confirmado o diagnóstico de contaminação pela Raiva.

Edison foi aconselhado a procurar atendimento médico na rede de Saúde. “Fui na Av. 29, expliquei o ocorrido e ela me encaminhou ao PSMI. A Vigilância Epidemiológica entrou em contato. Então tomei a primeira dose do soro antirrábico. No outro dia fui ao PSMI para aplicação da segunda dose do soro. Cheguei e percebi que não havia nada. Liguei para a Ivana, e ela me disse para esperar que o soro estava a caminho. Após alguns minutos o soro chegou, com meu nome, meu peso, tudo certo. A enfermeira até estranhou a quantidade. Ministraram a segunda dose, eu teria que aguardar 30 minutos para ver se dava alguma reação. Após uma hora e meia aguardando, perguntei para a enfermeira o porquê da demora. Depois de algum tempo, me chamaram numa sala e avisaram que teria ocorrido um erro. Ao invés de soro antirrábico, ministraram soro contra picada de aranha/escorpião. Daí chegou a moça da Vigilância e me disse que, pelo tempo que havia sido mordido, se o vírus da Raiva se manifestasse, eu poderia vir a óbito em cinco dias. Pela demora e pelo erro”, se recordou.

“O doutor me avisou e pedi para que alguém avisasse minha mulher. Ele me disse que, pelo que havia pesquisado em São Paulo e no Rio de Janeiro, nas faculdades, que não havia registro de uma pessoa que tivesse tomado os dois soros (antirrábico e contra aranhas e escorpiões) num mesmo dia. Disse que existia risco de morrer em duas horas. Nessa hora, minha pressão subiu, passei mal, comecei a chorar. Daí vieram com a notícia de que iria tomar um soro da Alemanha, que só é liberado para ser ministrado em grávidas e crianças. A Vigilância foi em Piracicaba pegar o soro. Entrei na sala, a enfermeira estava chorando, fiz duas ligações e me levaram para a sala de emergência”.

“Como já havia tomado o outro soro, não havia músculos. Tive que tomar o soro no glúteo e no braço. Graças a Deus nada aconteceu. Após dez dias ficaram de me ligar para realizar uma bateria de exames. Até agora nada. Foi um pouco caso, nem se preocuparam comigo. Estes dias, vi um dos médicos na rua e nem olhou na minha cara. Fui aconselhado a lavrar um Boletim de Ocorrência, mas não sei se irei fazer. Se fizer, será para evitar que isso possa acontecer com uma criança”, relatou ao Jornal Cidade.

OUTRO LADO

A Fundação de Saúde foi consultada sobre o ocorrido, mas até o fechamento desta edição não enviou seu posicionamento.

De acordo com dados de junho, neste ano foram registrados 12 casos de Raiva na cidade, sendo três em bovinos e o restante em cavalos. A previsão é imunizar 23 mil cães e nove mil gatos.

A dose antirrábica é gratuita e as equipes vão atender nos finais de semana, das 9h às 16h, em bairros alternados na área urbana e rural. “É imprescindível lembrar que a raiva é uma doença que não tem cura, então, uma vez que os sintomas começam a se manifestar, ou no ser humano ou no animal, leva a óbito”, alertou o coordenador do Centro de Controle de Zoonoses de Rio Claro, Josiel Hebling.

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