Adriel Arvolea
O avanço da urbanização ameaça a Floresta Estadual Edmundo Navarro de Andrade (Feena). Na divisa com os bairros, corte de árvores, lixo espalhado, queimadas, formação de galinheiro, campos improvisados de futebol e ocupações ilegais são alguns dos agravantes.
O problema ocorre, principalmente, nas regiões do São Miguel, Jardim Conduta, Bela Vista e Vila Industrial. A falta de consciência, o descaso e a vontade de se livrar de algo que incomoda têm levado parte dos moradores do entorno da Feena a depositar lixo e entulho em áreas ‘vazias’ ou ‘verdes’.
A Fundação Florestal, responsável pela gestão da Feena, reforça que são feitas rondas nesses locais, com apoio da Polícia Ambiental. “Além disso, a equipe da Feena, durante as fiscalizações de rotina, tem orientado os munícipes a não descartarem resíduos na divisa com a floresta. Para tais descartes, está sendo indicado o ecoponto no bairro São Miguel”, esclarece. No entanto, a situação preocupa e tem ameaçado, cada vez mais, a unidade de conservação.
Em vigor desde 2009, o convênio de cogestão da Floresta Estadual Edmundo Navarro de Andrade (Feena), assinado entre o município e a Secretaria de Estado de Meio Ambiente, propunha a realização de ações conjugadas das duas esferas de governo. O objetivo era assegurar a manutenção de toda a área, do patrimônio arquitetônico existente, do fomento ao turismo ecológico e pesquisa científica.
Apesar da parceria, na prática pouco tem se mostrado eficaz para a preservação e conservação da unidade florestal. Setores da sociedade criticam a forma como a cogestão tem sido conduzida. Nesse sentido, o Jornal Cidade buscou respostas junto à comunidade que indiquem caminhos e soluções para a proteção da Feena.
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“Existe um contrato entre Estado e Prefeitura, que está em vigor, bem como um novo, que está sendo analisado. Sabemos que, neste momento, é impossível, tanto ao Estado como ao município, fazerem sozinhos a gestão da Feena, tendo em vista os complexos problemas que se acumularam ao longo dos anos, sem solução adequada. Nesse contrato de parceria, é interessante que se envidem esforços entre as partes, no sentido de que seja cumprido, fielmente, o que ficar estabelecido. Há recursos do Estado destinados à Feena, em um montante razoável, que não foram repassados e que devem ser destinados imediatamente para uso dentro do que está planejado. Nesse caso, há gestões fortes para que isso aconteça o mais breve possível. Quanto à parte técnica, será necessário: segurança – cercamento do entorno da Feena; monitoramento por câmeras com alta resolução que gravem os movimentos de entradas e saídas permitidas de pessoas e veículos; aumento substancial de guardas de segurança; proibição de fumantes no interior da Feena; iluminação adequada; proibição da circulação de caminhões com carga pesada. Além disso, aguarda-se o repasse de valores para a restauração e conservação do patrimônio e implantação de mecanismos para prevenção de incêndios – equipamentos, produção e manutenção de aceiros, limpeza ao longo dos caminhos.” – Dr. Claudio dos Santos Silva – presidente da Comissão de Meio Ambiente, Ecologia e Direitos Difusos da OAB/SP – 4ª Subseção de Rio Claro
“Devem existir condições de se fazer um aceiro em toda volta do ‘Horto Florestal’ para coibir focos de incêndio. Outra medida seria diminuir a quantidade de acessos à floresta e, nos que ficarem, implantar um sistema de monitoramento e controle. Aos frequentadores deveriam ser distribuídos folhetos explicativos com cuidados para evitar incêndios e não se poluir seu ecossistema. Fazer uma campanha maciça de conscientização da importância da mesma para Rio Claro. Não sabemos a quem cabe cuidar do nosso ‘Horto’: União, Estado ou município. Então, cabe a nós, rio-clarenses, esta tarefa. Não é qualquer cidade do mundo que possui uma floresta urbana como a nossa e não avaliamos os benefícios que ela traz à qualidade de vida em seu entorno.” – José Roberto Sommaggio