Antonio Archangelo
Cuernavaca, capital do estado mexicano de Morelos, é a última cidade do ranking das mais violentas do mundo, com índice de 25,45 homicídios para cada 100 mil habitantes. Foram 168 mortes desse tipo em 2014, para uma população de 660.215.
O “ranking”, divulgado nesta semana, que coloca 19 cidades brasileiras entre as mais violentas do mundo, através do índice de homídios para cada 100 mil habitantes, parece distante da realidade do rio-clarense, porém passa a fazer sentido ao se saber que em Rio Claro, no ano passado, a taxa foi de 20,26 assassinatos para cada 100 mil habitantes. Em 2013, foi de 24,10.
A mais violenta da região
De acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP), os índices registrados em Rio Claro também fogem na normalidade da região de Piracicaba. A “taxa” de homicídios para as principais cidades desta regional, em 2014, foram: Americana com 4,53, Araras – 3,23, Leme – 10,47, Limeira – 4,57, Piracicaba – 9,32, Santa Bárbara d’Oeste – 4,35 e Sumaré – 15,07.
Fórum Brasileiro de Segurança Pública
O Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) não quis comentar os índices de Rio Claro, mas encaminhou números sobre a Anuário Brasileiro de Segurança, publicado no ano passado.
De acordo com as informações, a cada 10 minutos, 1 pessoa é assassinada no país. Foram 53.646 mortes violentas em 2013, incluindo vítimas de homicídio doloso e ocorrências de latrocínio e de lesões corporais seguidas de morte. O anuário propõe que o país reduza em 65,5% os homicídios até 2030, com compromisso de reduzir tais crimes a uma média de 5,7% a cada ano.
De acordo com Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, cientista social e pesquisadora do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, “na ausência, a máxima do ‘bandido bom é bandido morto’, continua a se reproduzir diariamente nas periferias dos grandes centros urbanos, sob o aplauso de segmentos expressivos da sociedade.
E na lógica do “mata-mata”, a espiral de violência continua. Já passou da hora de nossos governantes assumirem a letalidade e a vitimização policial enquanto um problema de política pública. A morte precisa ser compreendida como tabu, e não como resultado aceitável da política de segurança”, comenta.
“Foram gastos com custos sociais da violência: R$ 61,1 bilhões com polícias e segurança pública; e outros R$ 4,9 bilhões com prisões e unidades de medidas socioeducativas. É importante destacar que, dos R$ 192 bilhões de custos sociais da violência, R$ 114 bilhões são decorrentes de perdas humanas, ou seja, vidas perdidas. As demais despesas incluem gastos com segurança privada, sistema de saúde e seguros”, avisa o estudo.
“Considerando apenas os R$ 61,1 bilhões gastos em 2013 com segurança pública, União, Estados, Distrito Federal e Municípios gastaram cerca de 8,6% mais recursos do que em 2012, num indicativo da urgência de ajustes”, diz. O UNODC aponta, também, que o número de pessoas encarceradas no Brasil atingiu 574.207 e presos provisórios, aguardando julgamento, atingiram 215.639 pessoas, ou 40,1% do total de presos.