Casarão histórico teve sua construção concluída em 1883. Barão do Grão Mogol residiu no local até sua morte
O casarão da Fazenda do Grão Mogol, em Rio Claro, um marco histórico e arquitetônico de São Paulo, está um passo mais próximo de ser restaurado. Com sua importância cultural reconhecida pelo tombamento pelo Condephaat em 1987, o imóvel foi contemplado pelo edital do Programa de Ação Cultural (Proac) para a elaboração do projeto executivo de restauração.
O valor aprovado, de R$ 649.351,67, será captado via renúncia fiscal do ICMS, possibilitando o início de um trabalho minucioso que busca preservar a memória e a história da cidade de Rio Claro. O anúncio oficial deve acontecer em janeiro do próximo ano de 2025.
Construído em 1883 pelo Barão de Grão Mogol, a propriedade é um testemunho da riqueza histórica da região, que prosperou no período áureo da cana-de-açúcar e do café. Atualmente, o casarão enfrenta sérios problemas estruturais decorrentes do desuso e do desgaste do tempo, comprometendo sua integridade.
“O sobrado é muito importante para nossa história, queremos restaurá-lo para partilhar sua beleza com a população”, afirma Sandra Rossi Mattos, descendente da família que herdou o imóvel, que atualmente não está aberto à visitação.
O projeto
O projeto aprovado abrange diversas etapas essenciais para o restauro, como levantamentos técnicos, diagnósticos estruturais, projetos de engenharia e arquitetura, além de um plano museológico que visa transformar o espaço em um centro de memória e cultura. O trabalho inclui ainda ações educativas, como palestras e visitas guiadas, que visam sensibilizar a população e engajar profissionais e estudantes na preservação do patrimônio.
João Rossi, restaurador responsável que luta pela preservação do casarão, destaca a relevância desse passo. “O apoio do Governo do Estado está possibilitando dar prosseguimento aos projetos, que são grandiosos e complexos. Esse será um divisor de águas para Rio Claro, uma verdadeira escola de restauro”, afirma.
Segundo o restaurador, profissionais de Rio Claro serão convidados a participar do projeto. “Nunca houve um projeto tão complexo e grandioso de restauro como esse na cidade, será uma verdadeira escola de restauro”, acrescenta.
A equipe do projeto também conta com as arquitetas Juliana Schenkel e Carolina Contiero Talarico, que contribuem com suas expertises para dar vida à proposta. Schenkel celebra a conquista: “A aprovação para captar recursos para esse projeto é uma grande vitória. Com ele, o sobrado tem um novo respiro, e assim damos andamento na manutenção do nosso patrimônio”, diz.
Memória
O casarão, com sua imponência e características únicas, como o formato em “L” e o sótão dividido em quatro ambientes, é o último exemplar original da Fazenda Angélica. Sua restauração não só preservará um pedaço importante da história de São Paulo, mas também abrirá caminhos para novas discussões sobre preservação do patrimônio no interior paulista.
Com as primeiras etapas garantidas, a expectativa é que a execução do restauro se torne realidade em breve, permitindo que o casarão da Fazenda do Grão Mogol volte a ser um símbolo de memória viva e orgulho para Rio Claro e todo o Estado de São Paulo.
Construído há 141 anos, por Gualter Martins Pereira, o Barão de Grão Mogol, o casarão localiza-se em terras que já pertenceram ao Senador Vergueiro, importante figura da história brasileira. O Barão de Grão Mogol foi um influente político e social de sua época. A edificação, situada nas proximidades do Distrito de Ajapi, serviu como residência do Barão até sua morte, em 1889. Em 1923 parte das terras foi adquirida pela família de Pedro Rossi, que até a década de 1990 habitou o casarão, cujos descendentes são proprietário até hoje.