Edição especial do Jornal Cidade traz uma entrevista com o coronel Rodrigo Eval Arena que está no comando do CPI-9. Rio-clarense assumiu a função em março de 2023 e tem desempenhado importante trabalho em uma área que abrange 52 municípios.
JC: Ingressar na Polícia Militar era um sonho? Alguém na família já seguia a carreira? Houve alguma inspiração?
Coronel: Essa pergunta me remete à minha adolescência, quando, mesmo não tendo familiar seguindo a carreira, percebi minha vocação e, ao fim do colegial, decidi prestar a prova para ingresso na Academia de Polícia Militar do Barro Branco, estabelecimento de ensino de nível superior que forma os oficiais da Polícia Militar paulista.
JC: A área de cobertura do CPI-9 abrange 52 Municípios, sete batalhões territoriais e um BAEP (Batalhão de Ações Especiais de Polícia) – como é administrar toda essa região?
Coronel: O CPI-9 possui uma área territorial de 17 mil 827 Km2, indo de Hortolândia a Mococa, de Águas da Prata a Brotas, com uma população de 3 milhões e 244 mil habitantes e conhecida pelo seu desenvolvimento e pujança econômica. Comandar a polícia ostensiva e de preservação da ordem pública em toda essa região é um trabalho de equipe, do soldado mais novo ao coronel, intenso e muito dinâmico, com novos desafios todos os dias.
JC: Nesse contexto da Segurança Pública, as parcerias são importantes e relevantes?
Coronel: Na conjuntura da Segurança Pública, as parcerias são muito importantes. Temos parcerias de longa data com a Polícia Civil, a Polícia Técnico-Científica, a Polícia Penal, as prefeituras, o Ministério Público, o Poder Judiciário, o Exército e a Academia da Força Aérea, que cede seu excelente espaço para treinamentos do 10º BAEP e das Forças Táticas. Na área educacional, o CPI-9 fez uma parceria com o SENAI e a Associação Comercial e Industrial de Piracicaba (ACIPI), entidades que passaram a oferecer cursos de interesse gratuitos para os policiais. Em contrapartida, alunos do curso de Elétrica do SENAI foram conhecer o COPOM e seus sistemas eletrônicos e de transmissão. Atiradores do Tiro de Guerra de Piracicaba também conheceram o COPOM. Policiais do 10ºBAEP fizeram um estágio de atirador especial no batalhão do Exército em Lorena/SP. Em julho, diversos profissionais da área de Segurança Pública e Justiça Criminal, além de uma jornalista, palestraram em um seminário para policiais militares de Piracicaba e região. Recentemente, participei, ao lado de outros coronéis, de tratativas iniciais para a elaboração de um convênio, no âmbito educacional, entre a PM e a UNICAMP.
JC: Antes de assumir o comando do CPI-9, sediado em Piracicaba, o senhor teve passagens por Rio Claro, São João da Boa Vista, Araçatuba, São José dos Campos e Campinas. Alguma ocorrência que considere marcante na sua carreira e que poderia relembrar?
Coronel: O roubo aos bancos localizados na praça central de Araçatuba, na madrugada de 30 de agosto de 2021, foi a ocorrência mais marcante e complexa com a qual me deparei em minha carreira. Os criminosos estavam fortemente armados, dispararam contra o quartel do CPI-10 e do 12º BAEP, operaram drones, queimaram veículos e posicionaram mais de 90 artefatos explosivos para impedir a chegada da polícia e, durante a fuga, fizeram reféns como escudos humanos. Mesmo diante de um cenário extremamente difícil, a tropa de Araçatuba rechaçou os bandidos e impediu que a ação criminosa tivesse pleno êxito.
JC: Em 2021, o senhor integrou um seleto grupo de policiais militares que esteve na França participando de um intercâmbio com as forças policiais do país. Como essa viagem contribuiu e ainda contribui para seu aprimoramento profissional junto a área de cobertura do CPI-9?
Coronel: Ter participado do intercâmbio com as unidades especiais de intervenção francesas, ao lado de mais cinco policiais militares, foi uma experiência extraordinária. A França possui duas polícias, uma militar (Gendarmerie Nationale) e uma civil (Police Nationale). Durante dez dias, conhecemos a forma de atuação, os armamentos, equipamentos, viaturas e o treinamento de seis unidades policiais, três de cada força. De volta ao Brasil, apresentamos o que foi visto na viagem para integrantes dos batalhões do Comando de Polícia de Choque e dos BAEPs de todo o Estado e aos capitães alunos do nosso Mestrado Profissional em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública, curso obrigatório para a promoção a major.
JC: É fato que a criminalidade se recicla, se aprimora, cria novos “modus operandi”. Trabalhar na segurança pública hoje em dia é um constante estudo dessas práticas?
Coronel: Sim, a criminalidade é muito dinâmica, inova sua maneira de agir e migra de local com muita rapidez. Para fazer frente a essa situação, a Polícia Militar tem investido em treinamento, em tecnologia e no Policiamento Inteligente, que é, em síntese, uma metodologia de planejamento operacional na qual as informações criminais são organizadas em bases de dados, verificando tendências da criminalidade que se constituem nas Áreas de Interesse de Segurança Pública, para onde o policiamento preventivo será direcionado buscando a redução dos índices criminais.
JC: O Jornal Cidade está comemorando 90 anos. Como o senhor avalia o trabalho do jornalismo junto a segurança pública?
Coronel: Mesmo em tempos de redes sociais, ainda é por meio do jornal, físico ou digital, que as pessoas têm acesso a informações confiáveis, apuradas por um profissional. Ao fazer com que o trabalho da polícia chegue ao conhecimento da população, o jornalismo desempenha um papel relevante junto a Segurança Pública. Como capitão, chefiei a Seção de Comunicação Social do batalhão em Rio Claro e trabalhei com vários profissionais do Jornal Cidade, sempre imbuídos em levar informação de qualidade ao leitor.