Ednéia Silva
Os “rolezinhos” invadiram muitos shoppings por todo o País. Para coibir a prática, alguns municípios estão proibindo que jovens frequentem os centros de compras desacompanhados dos pais ou responsáveis. É o caso de São José do Rio Preto onde a Justiça proibiu a entrada de menores de 16 anos em um shopping da cidade. A proibição vale para todas as sextas-feiras e sábados.
Em Rio Claro problemas com jovens vêm sendo registrados aos finais de semana na antiga estação ferroviária. Os adolescentes saem do shopping depois do fechamento do centro de compras e ocupam o terminal urbano de ônibus causando tumulto e até atos de vandalismo. Em algumas ocasiões a Polícia Militar foi acionada para intervir nas ocorrências. Por conta disso, a Guarda Civil Municipal (GCM) há algum tempo tem feito um esquema especial de segurança nas imediações da estação para coibir delitos.
O comandante da GCM, Wlademir Walter, diz ser contra a proibição. Ele acredita que a situação passa pela educação recebida em casa e por um acompanhamento mais de perto dos pais ou responsáveis. Walter defende que o jovem tem direito a se reunir em frente ao shopping e estação, desde que não cometa delitos.
Luiz Carlos Lauriano Jardim, presidente do CMDCA (Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente), diz que ao analisar a questão é preciso levar em conta a liberdade de escolha dos jovens que passa, dentre outros temas, pelos “rolezinhos”. Por outro lado, Jardim observa que os centros de compras têm direito a preservar seus interesses e que os corredores dos shoppings não podem ser igualados a ruas ou praças. “Não se pode confundir um local com acesso público com um local público”, diz.
Segundo ele, se os corredores dos shoppings são ocupados por grupos correndo tira dos outros frequentadores o direito de ir e vir. Jardim concorda que os shoppings são projetados para uso comercial e não para “rolezinhos”. No entanto, ele ressalta que é preciso refletir sobre o que os jovens vão fazer nos shoppings, os motivos deles estarem nesses locais e qual a alternativa oferecida por governos e sociedade para atrair os jovens.
Sobre a proibição, Jardim não acredita que a medida seja positiva ou eficaz porque não responde às questões relacionadas acima. Para ele, isso “poderá criar outras reações que poderiam ainda ser piores do que a proibição de termos os jovens e adolescentes em centros de compras desacompanhados de seus pais e responsáveis”.
O presidente da Comissão da Infância, Juventude e Adoção da OAB de Rio Claro, Sérgio Dalaneze, diz temer o processo de criminalização das atitudes dos jovens. O fato de andarem juntos é um direito a liberdade de ir e vir, desde que não causem problemas. O jovem também dever ter seus direitos preservados como os adultos que também gostam de andar em grupos.
Dalaneze comenta que a sociedade tem uma tendência a, de antemão, olhar com desconfiança qualquer coisa que os jovens façam. Ele se posiciona contra pré-julgamentos. Por isso, em princípio, o advogado acredita que não se deve proibir os “rolezinhos” que são forma de expressão e diversão dos adolescentes.