A ex-vereadora Carol Gomes, atual secretária do Desenvolvimento Social na Prefeitura de Rio Claro, foi denunciada na última semana pelo Ministério Público por suposta injúria racial e abuso de autoridade, por fatos que teriam ocorrido contra um ex-vigilante no dia 6 de setembro do ano passado, por volta das 20h30, na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Cervezão. Ela afirma que a denúncia é caluniosa e que testemunhas do denunciante confirmariam sua versão. A defesa do munícipe rebate e defende que ele foi vítima de racismo.
Segundo a denúncia apresentada à 2ª Vara Criminal da Comarca de Rio Claro, Carol teria se dirigido à UPA para visitar sua avó, que estava internada na unidade. Ao ser informada por um vigilante terceirizado de que o horário de visitas já havia se encerrado, a ex-vereadora alegou que faria uma “fiscalização” na condição de agente pública para tentar garantir a entrada fora do horário permitido, segundo diz a Promotoria de Justiça.
O Ministério Público afirma que, ao ser orientada a procurar a autorização da enfermeira-chefe, Gomes teria se alterado e teria ofendido o então vigilante de segurança terceirizada Jeferson Fernandes Emygdio com injúria racial. Semanas depois, ele acabou demitido pela empresa contratada pela Fundação Municipal de Saúde.
A ex-vereadora também teria entrado em área restrita da UPA, usando de sua condição política para fins particulares, configurando, segundo a Promotoria, desvio de finalidade do cargo. O MP destaca que a suposta conduta da denunciada fere a dignidade do servidor público e viola o princípio da impessoalidade, previsto para agentes em exercício. O caso segue sob análise da Justiça.
O QUE DIZEM OS ENVOLVIDOS
À Farol JC, a defesa de Jeferson Fernandes Emygdio afirma que seu cliente foi “vítima de ofensas raciais enquanto atuava como vigilante na UPA de Rio Claro, pela então vereadora. Esclareço que, após a denúncia do Ministério Público, o juiz inicialmente designado declarou-se suspeito, e o processo será redistribuído. Após a nova designação, será aberto prazo para manifestação da defesa da denunciada e o recebimento da denúncia pelo Juízo. Confiamos que a Justiça prevalecerá e que os atos de racismo serão devidamente responsabilizados no âmbito da Justiça”, comunicou a advogada Sofia Zanetti Marchi.
A coluna também procurou Carol Gomes, que diz ser alvo de “acusação absurda e, felizmente, já desmascarada. O inquérito policial aponta falta de evidências e fui surpreendida pela denúncia. As condutas atribuídas a mim são incompatíveis com meu histórico inatacável de trabalho humanizado e incansável luta contra intolerância religiosa, especialmente como praticante de matrizes africanas que já sofreu ataques. Testemunhas da própria acusação confirmaram à polícia que não cometi qualquer injúria. Isso não é só defesa, é prova irrefutável. Foi um grave engano. A Justiça prevalecerá, provando que a vítima fui eu. Estou inteiramente à disposição para provar minha inocência”, disse.