Wagner Gonçalves
Com a polêmica envolvendo taxistas e cadastrados ao serviço Uber, na cidade de São Paulo, houve repercussão em diversas cidades do país, seja pela preocupação dos passageiros, como pela legalidade dos próprios taxistas e categoria. Em Rio Claro, apesar de o movimento não ter se estendido aos motoristas locais, existe, no entanto, conflitos envolvendo os carros que atuam na clandestinidade fazendo viagens suburbanas e até mesmo dentro da cidade.
Em tempos de recessão financeira e retração da economia nacional, muitos setores percebem a tendência de cautela dos consumidores em gastar. No entanto, conforme relatado por taxistas, existem outros fatores que contribuem para agravar a situação. Para que atividade esteja de acordo com os conformes legais, os prestadores de serviço devem cumprir uma série de recomendações propostas em âmbito municipal e federal.
Ozeir Gomes de Oliveira, que há 12 anos atua como taxista, comenta se sentir lesado por aqueles que não estão de acordo com a lei, mas acabam competindo com credenciados. “Já pagamos impostos e taxas para manutenção e ainda vivemos sob pressão de ter motoristas autônomos clandestinos”, desabafou o taxista. Em suma, é preciso que o taxista contribua com a mensalidade do sindicato, com o imposto anual destinado à prefeitura, sendo obrigatória a autorização por meio de alvará para se instalar no ponto, além do valor para a aferição do taxímetro.
Entre as reclamações recebidas pelo Sindicato dos Transportadores Autônomos Rodoviários de Pessoas, Bens e Cargas de Rio Claro (Sintrarc), existem seis em aberto que dizem respeito a essa atividade sem regulamentação. Para o vice-presidente do Sintrarc, Gilvon Barbosa, essa é uma questão que deve ser observada com mais rigor, por meio de fiscalizações: “é preciso agentes de trânsito nos pontos onde se concentram, em especial nas imediações do Shopping”.
Para quem por ali passa, é possível ver os motoristas que ali chegam, aguardam por alguns momentos e logo saem com o carro completo. “A vantagem é que os motoristas cobram o mesmo valor da passagem de ônibus e levam os passageiros na porta da casa”, disse Tereza Aparecida Morelli, que mora em Santa Gertrudes, cuja cidade concentra a maior parte dos motoristas, conforme informou o sindicato da categoria.
Dilema de motoristas
A reportagem do JC conversou com um dos motoristas que atuam nas viagens intermunicipais. O estudante de Direito, que terá seu nome preservado, relatou ter recorrido a tal atividade como uma forma de cobrir as despesas, por estar desempregado. “Apesar de algumas pessoas largarem a profissão para fazer essas viagens, no meu caso é por ter ficado sem fonte de renda”, relatou.
De acordo com a legislação, é permitido um número limitado de taxistas circulando no município, um a cada mil habitantes. “Não quero ficar na irregularidade, mas os órgãos públicos dificultam a legalização”, contou o motorista, destacando sobre as condições impostas, como o veículo utilizado.
A justificativa feita por alguns usuários para utilizar os serviços é que o horário do ônibus suburbano que faz o trajeto de Rio Claro a Santa Gertrudes é muito espaçado. No entanto, conforme a Viação Paraty, empresa responsável pela linha suburbana em questão, os horários são feitos com base na quantidade de passageiros. Em nota, a empresa respondeu: “o intervalo de horário dos ônibus é de trinta minutos, considerado pequeno em se falando de suburbanos”.
Procurada para falar sobre a situação em questão, a Prefeitura de Rio Claro não se posicionou até o fechamento desta edição.