Murillo Pompermayer
Junto aos meses derradeiros do ano, estabelece-se o período comercial mais aguardado por aqueles que anseiam por obter vendas expressivas. As compras, impulsionadas especialmente pelo Natal, costumam ser generosas. Os que se encontram em busca de uma oportunidade de trabalho também aguardam ansiosos.
A abertura de vagas temporárias, tão comum nesta época, costuma contemplar milhares de pessoas. Muitos aproveitam o ensejo a fim de se fixarem na função obtida. Entretanto, uma grave crise se instaurou, se mostra persistente e vem afetando numerosos setores. E o comércio não foi exceção. Aqueles que estão desempregados e no aguardo por abertura de vagas devem, então, ficar temerosos?
Não para Gustavo Rabelo, proprietário de uma loja de confecção localizada na região central de Rio Claro. “Acredito que as empresas que se organizarem, fazendo boa divulgação de seus produtos e contratando mão de obra temporária de qualidade, poderão se destacar e ter um bom resultado”, constata, otimista. Rabelo pondera que, como gestor, é exatamente este caminho que irá seguir. “Estamos buscando os melhores profissionais e os trazendo para treinamento ainda em novembro para que estejam aptos a oferecer o melhor atendimento possível aos nossos clientes”, assegura.
Conforme Dorival Bueno da Costa, presidente do Sindicato dos Empregados no Comércio de Rio Claro (Sincomerciários), a despeito de tudo que vem sendo propagado com relação à crise, as vendas relativas ao setor comercial não estão ruins. Ressalta, por outro lado, que não encontram-se à altura de outrora. “Não acredito que este final de ano seja igual ou muito próximo aos anteriores. Haverá, sim, queda das vendas e, evidentemente, um declínio natural de contratações – não mais do que 20% em relação aos últimos anos –, mas que acabam sempre acontecendo”, expõe.
O sindicalista afirma que são funções que, muitas vezes, não se fazem necessárias o ano todo. Segundo Costa, treinar um vendedor para este período não é fácil, o que não significa dizer que contratações do gênero não acontecerão.
Para o presidente, a perspectiva é boa, principalmente quanto aos estabelecimentos que visam renovar seu quadro de funcionários. “Muitas vezes a pessoa acaba se acertando e se fixando, e os resultados são sempre mais positivos do que negativos”, avalia. Ao mencionar números, se embasa nos últimos anos para estimar. “Rio Claro sempre abre entre 500 e 600 vagas temporárias, e este ano deve girar em torno de 300, 400”, prevê.
Já Célio Simões Cerri, que preside o Sindicato do Comércio Varejista e Lojista de Rio Claro (Sincomércio), diz que em relação ao ano passado houve uma queda nas contratações de 21% até o último mês de outubro. Segundo ele, pode se que haja, ainda, contratações em novembro. “Normalmente contratava-se até outubro. Depois, um mês de treinamento era dado e atuava-se no período natalino. Devido ao momento de crise, em que as vendas estão baixas e o dinheiro escasso, pode ser que tenha acontecido um ‘retardamento’, mas no final deste mês outra estatística deverá ser divulgada”, esmiúça.
Cerri crê que dispensas não devem acontecer. Entretanto, levando-se em consideração a queda apresentada até outubro, a tendência é de que não sejam abertas muitas vagas. “Caiu muito. Eu achei que caiu muito. Não esperava isso. Esperava, na realidade, uma queda de cerca de 10%, mas foi mais do que o dobro”, preocupa-se Cerri.