Estadão Conteúdo 

Construída ao custo oficial de R$ 1.080 bilhão, o estádio Itaquerão, a Arena Corinthians, também está envolvida em suspeitas de corrupção. Inquérito que tramita sob segredo de Justiça no Supremo Tribunal Federal (STF) investiga “possível prática criminosa associada à construção da Arena Corinthians” com base em delações de cinco executivos ligados à Odebrecht, entre eles o dono da empresa, Emílio, e seu filho e herdeiro, Marcelo.

É apurado suposta recebimento ilegal por parte do ex-presidente do clube e atual deputado federal, Andrés Sanchez (PT). Outro inquérito, também no STF, investiga se o também deputado petista Vicente Cândido teria recebido dinheiro para ajudar a destravar o financiamento do estádio.

Não há detalhes da investigação sobre Andrés, presidente do Corinthians entre 2007 e 2011. Mas há a suspeita de ligação com a prisão, em março de 2016, do vice-presidente do clube, André Luiz de Oliveira, o André Negão, depois que seu nome apareceu em uma planilha da Odebrecht sob o codinome “Timão” e ao lado da palavra “Alface”. Ele teria recebido R$ 500 mil em propinas, cujo destinatário seria Sanchez, para sua campanha a deputado.

O advogado de Andrés Sanchez, João dos Santos Gomes Filho, rebate. Diz que não construtora não faz qualquer afirmação de pagamentos ao ex-presidente do Corinthians e que André Negão, em depoimento à Polícia Federal – foi preso em flagrante por porte ilegal de armas, durante a Operação Xepa, fase da Lava Jato – negou ter solicitado ou recebido qualquer valor em nome ou a favor de Andrés.

“Nossa posição é de que não há qualquer elemento probatório que sustente um nexo causal mínimo entre o valor apontado (R$ 500 mil) e o seu suposto repasse ao deputado Andrés Sanchez”, disse Gomes Filho. À época da denúncia, Andrés, em conversa com a reportagem, afirmou: “Não é verdade que houve propina na Arena Corinthians para mim ou quem quer que seja. O Corinthians é vítima”.

Em relação a Vicente Cândido, o inquérito apura se ele teria recebido R$ 50 mil para sua campanha para, em troca, “buscar apoio parlamentar na busca de solução para o financiamento do estádio do Corinthians”. O depoimento foi de Alexandrino Alencar, ex-diretor da Odebrecht.

Cândido, que também é diretor de relações internacionais da CBF, informou por meio de nota que ainda não recebeu nenhuma notificação da Justiça (sobre o inquérito) e não teve acesso aos autos do processo. “Vale ressaltar que os acusadores ainda precisarão provar o que disseram. Neste sentido, tenho certeza de minha idoneidade e me coloco a disposição para quaisquer esclarecimentos à justiça”.

Em sua delação, Marcelo Odebrecht disse que a construção da Arena Corinthians foi um pedido do ex-presidente Lula a seu pai, Emílio, e que ele tocou a obra a contragosto. “Teve um momento que tentei desistir”, afirmou. “Foi logo após saber que a obra, que era para ser um estádio para 30 mil pessoas, virou um projeto para a Copa… Você entra no atoleiro e não sabe como sair depois”.

CARTEL – Outro crime envolvendo arenas da Copa foi o estabelecimento de cartel. De acordo com ex-executivos da Odebrecht e da Andrade Gutierrez, as empresas e consórcios que executaram as obras do Mané Garrincha (Brasília) e das arenas Pernambuco (Recife), Castelão (Fortaleza) e Fonte Nova (Salvador) foram decididas pelo cartel das construtores. O Mineirão, em Belo Horizonte, só não entrou no “pacote” porque, depois de acertado que a reforma seria feita pela Andrade, o projeto foi transformado em PPP. Há um inquérito administrativo no Cade sobre a denúncia e alguns depoentes teriam colocado dúvida sobre a existência efetiva do cartel.

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