Favari Filho
Ricardo Barbato, juntamente com sua namorada, a blogueira fitness Gabriela Pugliesi, são dois ilustres desconhecidos que se tornaram subcelebridades por propagarem através das redes sociais o culto ao ‘corpo sarado’. Recentemente, o rapaz que se intitula life style coach (ou seja, treinador de estilo de vida, em tradução livre) foi preso no Rio de Janeiro por ministrar aulas sem autorização do Conselho Regional de Educação Física. A autuação levantou uma polêmica sobre o fato e, para trazer o assunto à tona, o JC conversou com Paulo Cezar Rocha dos Santos, professor do programa de atividade física para pacientes com Parkinson e doutorando em Ciências da Motricidade na Unesp, que esclareceu alguns pontos sobre a questão.
Paulo Cezar diz que é contra qualquer tipo de ação individualizada quando envolve aspectos relacionados à saúde, pois cada pessoa apresenta limitações específicas que devem ser respeitadas. “Caso contrário, ao invés de benéficos, o exercício pode ser prejudicial. Quando uma pessoa oferece um tipo de exercício para todos como sendo o ‘perfeito’ para obter um ‘corpo sarado’, deixa de considerar o que, a meu ver, deve ser o principal objetivo da prática de exercício físico que é a saúde e qualidade de vida”.
Quanto à supervalorização do corpo perfeito, o professor apresenta outros problemas comuns: o não respeito aos limites da saúde e a busca por métodos ilícitos. “Os famosos que conseguiram o considerado corpo perfeito (muitas vezes por meios não saudáveis), vê nisso a oportunidade para a autopromoção, como é o caso do rapaz preso. Interessante, que o indivíduo não tem sequer conhecimento adequado para prescrição de exercício. Por isso, a atitude do CREF em inibir a ação foi coerente”, revela.
Sobre os cuidados para praticar exercícios físicos expõe. “Primeiramente, é preciso procurar um profissional formado, além disso, é recomendado que, antes, seja realizado um exame médico para obter a liberação para a prática”. Quanto à alimentação diz ser essencial uma dieta personalizada, pois é preciso energia para o bom funcionamento do organismo. “Estamos diante de um problema muito grave e comum até em algumas academias, nas quais profissionais não qualificados prescrevem dietas e recomendam o uso de suplementos, não respeitando a condição do indivíduo. O melhor é procurar um nutricionista”, finaliza.