Os pássaros que partiram de São Paulo, em junho deste ano, com “mochilas” minúsculas atadas às costas estão voltando para casa. As “mochilinhas”, que pesam um grama e levam um GPS do tamanho de uma moeda, fazem parte de um estudo da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), no câmpus de Rio Claro, para entender a migração dessas aves.

Foram marcados com anilhas 54 bem-te-vis rajados e, destes, quatro estão com as mochilas. É preciso recuperar os equipamentos para saber para qual região esses pássaros voaram e onde ficaram nesses três meses longe de casa. Entre os anilhados pode estar o pássaro com a mochila.

Para isso, a pesquisadora Karlla Barbosa, do Instituto de Biociências da Unesp, lançou um apelo. Sob um cartaz de “Procura-se” com a foto do pássaro, ela pede a quem avistar um bem-te-vi rajado com anilhas coloridas em parques da capital e das cidades paulistas de Rio Claro, Marília, Jundiaí e Guararema, que envie uma mensagem pelo site da pesquisa.

“Precisamos encontrá-los para saber mais sobre esse comportamento fascinante que é a migração das aves. Tem um no câmpus da Unesp (Rio Claro) e os demais em São Paulo, sendo um no Horto (Florestal, na zona norte), um no Parque do Carmo (zona leste) e um no Parque do Piqueri (também na zona leste)”, disse

Segundo ela, desde o início de setembro houve registros esparsos da chegada de bem-te-vis rajados (Myiodynastes maculatus solitarius) ao Sudeste brasileiro, incluindo São Paulo.

“Sabemos que essas aves sempre voltam ao local de onde saíram e em breve todas elas estarão por aqui para se reproduzirem. O bem-te-vi rajado faz ninho em cavidades de árvores, cria os filhotes, espera que eles estejam voando e vão embora para as regiões Norte e Nordeste do País, lá pelo final de março.”

As informações contidas no aparelhinho levado pelas aves, preso ao dorso por um fio de silicone, vão indicar as distâncias que voaram e onde exatamente elas estiveram. Conforme a pesquisadora, os dados podem orientar ações visando à preservação da espécie.

Além do bem-te-vi rajado, fazem parte do estudo a tesourinha, o suiriri e a peitica, escolhidos pela larga distribuição geográfica e por migrarem dentro do continente, além de serem pássaros conhecidas do público, o que facilita a participação.

“Agora é só ficar de olho nas árvores. Vamos usar uma redinha delicada e um falso bem-te-vi rajado que imita a voz e atrai o verdadeiro para capturar o pássaro sem muito estresse”, disse Karlla.

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