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Mais de 15 mil quilômetros separam o Nepal de Rio Claro, mas o terremoto que devastou o país no último sábado (25) foi registrado pelo Laboratório de Sismologia do Departamento de Geologia Aplicada da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Rio Claro. O tremor de 7,8 graus de magnitude foi registrado pela Estação de Sismologia instalada na Floresta Estadual Edmundo Navarro de Andrade (Feena).
O sismólogo João Carlos Dourado, professor de Geofísica do curso de Geologia da Unesp, explica que existem duas escalas para medir terremotos: magnitude e intensidade. A primeira refere-se a energia liberada no local do tremor e a segunda varia conforme a distância do local do abalo. A escala de variação vai de 1 a 12. No caso do Nepal, o terremoto chegou com intensidade 1 na estação de Rio Claro. Por causa da baixa intensidade, ninguém sentiu nada. As ondas chegaram, mas somente os equipamentos registraram.
O professor comenta que para ser perceptível ao ser humano, o terremoto tem que ter intensidade acima de 2. Mesmo assim, apenas as pessoas mais sensíveis poderão captar as ondas. A partir de 3,4 ou 4, os abalos serão sentidos por todas as pessoas. “Frequentemente ocorrem pequenos tremores que ninguém sente porque não conseguem atingir essa intensidade, mesmo para quem está próximo”, afirma Dourado.
O professor informa que as ondas do Nepal demoraram cerca de 20 minutos para chegar ao Brasil. Para quem estava próximo do epicentro do tremor as ondas se locomoveram muito mais rápido. O docente informa que o Nepal, bem como o Japão, Himalaia, Turquia e países dos Andes são mais propensos a ter terremotos. Isso acontece porque eles estão localizados em áreas de bordas de placas tectônicas, porções da crosta terrestre (litosfera) limitadas por zonas de convergência ou divergência. Essas placas estão em constante movimento causando intensa atividade geológica podendo haver atritos e choques. “Quando existe terremoto é porque houve rompimento da rocha”, esclarece.
Enquanto alguns países correm maior risco de terremotos, o Brasil tem poucas chances de registrar um tremor. Segundo Dourado, o país se localiza no meio de uma placa tectônica o que reduz as chances de grandes terremotos. Pequenos tremores podem ser acontecer, mas a probabilidade de um terremoto da magnitude do ocorrido no Nepal é praticamente nula, mas não está totalmente descartada.
O terremoto do Nepal aconteceu no dia 25 de abril e afetou oito milhões de pessoas. Até o momento foram registradas pouco mais de cinco mil mortes (5.489 até a última contagem), mas a expectativa é que o número ultrapasse a marca de 10 mil.