A Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Rio Claro também foi atingida com o corte de bolsas de estudo da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), órgão do Ministério da Educação que oferta os recursos para os estudantes em todo o país. Somente no município foram 31 bolsas suspensas no IGCE (Instituto de Geociências e Ciências Exatas) e IB (Instituto de Biociências), setores do câmpus que atendem alunos de várias regiões do Brasil.
De acordo com o diretor do IGCE, Prof. Dr. José Alexandre de Jesus Perinotto, no programa de Geociências e Meio Ambiente foram 10 bolsas recolhidas, sendo quatro para curso de mestrado e outras seis para doutorado. “A Capes recolheu as bolsas que não estavam ativas, mas não significa que não estávamos usando. Temos uma cota, quando as bolsas vêm, temos um processo seletivo e as atribuímos. Estamos justamente entre o término de um clico e início de outro. No processo de entrada de novos alunos, ela é novamente atribuída. Temos alunos saindo e os novos que entrariam em agosto ficarão sem. A Capes nos enviou um comunicado justificando que, devido ao bloqueio das dotações orçamentárias impostas pelos ministérios da Economia e Educação, resultou num contingenciamento. De qualquer forma é um desrespeito muito grande”, informa Perinotto.
O diretor critica a decisão do Governo Federal sobre os cortes. “Um governo que está preocupado com o armamento e corta bolsas de estudo. É inconcebível. Fomos brutalmente atingidos. Nossa pró-reitoria de pós-graduação está fazendo um levantamento para saber quão grande é o prejuízo, será um caos”, lamentou. Outros programas do instituto não foram afetados.
Já no IB (Instituto de Biociências), o corte foi ainda maior e atingiu nove bolsas de mestrado, 10 de doutorado e outras duas de pós-doutorado. As áreas de estudos abrangem o programa de Microbiologia Aplicada, Biologia Celular e Molecular, Biologia Vegetal, Zoologia e Educação. As substituições das bolsas também ocorreriam no fim deste semestre para os novos alunos ingressantes no mês de agosto.
Os valores das bolsas da Capes são de R$ 1.500,00 para estudantes de mestrado, R$ 2.200,00 para alunos que cursam o doutorado e R$ 4.100,00 para quem está no pós-doutoramento.
O que diz a CAPES
Em nota ao Jornal Cidade de Rio Claro, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) se manifestou:
Todos os estudantes e pesquisadores que têm bolsa da CAPES em vigor terão os seus auxílios financeiros mantidos. A afirmação é de Anderson Correia, presidente da CAPES, durante coletiva à imprensa nessa quinta-feira, 9. Ele também informou que o congelamento de bolsas ociosas representa apenas 1,75% do total de 200 mil benefícios destinados à pós-graduação e formação de professores da educação básica.
O presidente também anunciou que 1.224 bolsas ociosas de programas com nota 6 e 7 (os conceitos mais elevados na avaliação da CAPES), classificados como de excelência, serão reabertas para serem ocupadas. Ainda serão desbloqueados cerca de 100 auxílios destinados a doutorandos que estão retornando do exterior para concluir suas pesquisas. “Nessas duas categorias, o desbloqueio acontecerá ainda nesta semana”
Na última quarta-feira, 8, a CAPES congelou 4.798 bolsas que não estavam sendo utilizadas no mês de abril. A medida é parte das ações da instituição para cumprir o contingenciamento na administração pública federal. “A decisão foi tomada para conseguir fazer um diagnóstico da situação para fazer ajustes pontuais”, explicou Anderson Correia.
Com os desbloqueios das bolsas de programa 6 e 7 e de doutorandos do exterior, o número de benefícios congelados vai baixar para algo em torno de 3,5 mil. “Essas ações poderão ser revertidas mais à frente caso haja descontingenciamento em função da melhoria da economia do País”, argumentou o presidente da CAPES. O diretor de Gestão, Anderson Lozzi, também participou da entrevista coletiva.