Preocupada com esse cenário, a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) criou a campanha #VemProUro, que busca conscientizar pais e jovens sobre a importância de se consultar com o especialista desde cedo.
O problema é geral: a saúde dos homens costuma ser bastante negligenciada, e muitas vezes acaba virando responsabilidade das mães ou companheiras. Pesquisa divulgada em 2015 mostrou que mais da metade dos homens do Brasil com mais de 35 anos nunca foi a um urologista.
Como grande parte dos homens não tem o hábito de se consultar com o especialista, dificilmente seus filhos terão contato com um urologista desde cedo. “Isso é um aspecto cultural que os homens têm, uma certa tendência em desviar de assuntos médicos. Se não existe essa cultura do homem mais velho procurar um médico para fazer uma revisão de rotina, como ele vai transmitir isso para seus filhos?”, questiona Daniel Zylbersztejn, urologista e coordenador da campanha de orientação da saúde do adolescente da SBU.
Para mudar essa realidade, a SBU lançou a #VemProUro em setembro A primeira ação foi uma série de palestras em instituições de ensino de todo o País, com pais e alunos adolescentes, para debater a importância de consultar um urologista desde cedo. A segunda etapa consiste em realizar uma pesquisa de prevalência do adolescente masculino nos consultórios médicos.
“Nós vamos fazer essa pesquisa com os adolescentes e também uma com os próprios urologistas, para medir a presença dos jovens nos consultórios e saber quais são as motivações dessas consultas, se são por conta de queixas específicas ou para prevenção”, explicou Zylbersztejn. “A gente não tem dados sobre isso no Brasil”.
Os benefícios de ter o acompanhamento regular de um urologista desde cedo são muitos, e passam tanto por doenças quanto por comportamento e questões ligadas a autoestima.
“Consultar o urologista pode ser bom para pedir informações sobre os mais diversos assuntos, como, por exemplo, o uso do preservativo, falar de gravidez indesejada e sobre a problemática das DSTs, que vêm crescendo no nosso país nos últimos anos, principalmente a sífilis”, destaca o urologista. “Dá para falar também sobre dúvidas diversas da puberdade, em relação ao tamanho do pênis, ao desenvolvimento do corpo, à mudança da voz, quando e como começar atividades físicas”, explicou.
A ideia é que os dados coletados pela pesquisa sejam usados para maior conscientização sobre o tema e para angariar o apoio de diversos setores da sociedade e órgãos públicos, como o Ministério da Saúde. A campanha será realizada todos os anos.
“Queremos que isso seja algo disruptivo em relação a saúde da nossa sociedade. Uma campanha de prevenção e promoção de saúde para adolescentes é boa para todo mundo”, finalizou Zylbersztejn