CAMILA MATTOSO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A cidade de Araraquara (a 273 km de São Paulo) foi a primeira cidade da região Sudeste a sentir o impacto da variante brasileira do novo coronavírus. Em lockdown desde a metade de fevereiro, o município de 238 mil habitantes viu a ocupação de leitos alcançar 100% e o número de mortos disparar -nos dois primeiros meses do ano foram registradas mais mortes do que em todo o ano de 2020.


Para o atual prefeito do município paulista, Edinho Silva (PT), ex-ministro no governo de Dilma Rousseff, o caos visto nos últimos dias em cidades de diversas regiões do país era possível de se prever e a situação ainda deve piorar com mais cidades com esgotamento na capacidade de atendimento aos doentes.


“Estamos vivendo algo que vai ser a maior tragédia humanitária da história do Brasil. O que vimos em Manaus vamos ver no Brasil inteiro. Hoje já temos registros de pacientes morrendo sem atendimento no Rio Grande do Sul, aqui em São Paulo. Vai ser a realidade do país, infelizmente”, diz ele.


Ao citar Manaus, o petista afirma que o governo federal tinha condições para, ainda em dezembro, reunir todas as informações necessárias e prever o que estava por vir. Entretanto, diz ele, o que se viu foi o desmonte da estrutura de enfrentamento à pandemia ao descredenciar leitos de UTI e travar a liberação de recursos.


Para o prefeito, a situação pela qual o Brasil passa, com uma escalada de mortes e aumento exponencial no número de casos, é resultado de uma “leitura estreita” de quem vê uma contradição entre a necessidade de proteger a economia e a vida dos brasileiros. “Se não amenizar a instabilidade fazendo gestão da pandemia não tem economia que volte a crescer. Com 1,9 mil pessoas morrendo por dia, qual investidor vai colocar dinheiro no Brasil?”, questiona o petista.

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